Mobilização parcial é "ato de desespero" de Putin
21 de setembro de 2022O Presidente norte-americano, Joe Biden, diz que "não há vencedores numa guerra nuclear". Essa é uma guerra que "não deve ser travada", alertou Biden esta quarta-feira (21.09) durante o seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas.
Joe Biden disse que "as provas de atrocidades" em valas comuns na Ucrânia são de fazer o "sangue gelar".
A invasão russa "pretende acabar com o direito da Ucrânia a existir enquanto Estado, e o direito da Ucrânia existir enquanto povo", afirmou.
Biden acusou Vladimir Putin de fazer "ameaças irresponsáveis", depois do Presidente russo ter prometido usar "todos os meios disponíveis", incluindo armas nucleares, caso a integridade territorial da Rússia seja colocada em perigo.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse ao jornal alemão Bild que duvida que Putin recorra ao arsenal nuclear, por temer a resposta do resto do mundo.
Putin dá tiro no pé?
Esta quarta-feira de manhã, Vladimir Putin anunciou na televisão a "mobilização parcial" das tropas russas, convocando cerca de 300 mil reservistas e ampliando por tempo indeterminado os contratos de soldados que já estão no campo de batalha, na Ucrânia.
"Repito, estamos a falar de mobilização parcial. Ou seja, apenas cidadãos que estão atualmente na reserva serão submetidos a recrutamento e, em primeiro lugar, aqueles que serviram nas Forças Armadas, possuem determinadas especialidades militares e experiência relevante."
Para o chanceler alemão, Olaf Scholz, esta mobilização é um sinal de que a guerra na Ucrânia não está a correr de feição à Rússia.
"É um ato de desespero", disse Scholz. "A Rússia não consegue vencer esta guerra criminosa e as decisões recentes só pioram as coisas."
Em entrevista à DW, Domitilla Sagramoso, especialista em segurança do King's College de Londres, diz que a mobilização parcial "custará caro" a Putin.
"Acho que resultará num agravamento da guerra, porque a pressão do Ocidente aumentará, especialmente dos Estados Unidos, para enviar mais equipamento militar e mísseis de longo alcance para a Ucrânia."
Além disso, pode também aumentar a oposição a Putin no próprio país: "Não há muito apoio do público russo para combater nesta guerra", afirma Sagramoso.
Depois do anúncio de Putin, esta quarta-feira, mais de 200 pessoas terão sido presas na Rússia em protestos contra a mobilização parcial, de acordo com dados divulgados pela organização de defesa dos direitos civis OVD-Info.
Entretanto, a China apelou a um cessar-fogo. Wang Wenbin, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, esclareceu que a posição do país sobre a guerra na Ucrânia é "consistente e clara".
"Sempre defendemos que a soberania e a integridade territorial de todos os países devem ser respeitadas. A China pede às partes relevantes que resolvam adequadamente as diferenças por meio do diálogo", afirmou.