Guiné-Bissau: Fracassou a mediação da CEDEAO
19 de janeiro de 2018A delegação da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que esteve em Bissau por dois dias em busca de uma estratégia de implementação do Acordo de Conacri, conclui não houve nenhum progresso significativo na implementação desse acordo que visa pôr fim a crise política que dura há mais de dois anos.
A Cimeira da CEDEAO de Abuja, Nigéria, no fim do ano passado, tinha dado um prazo de 30 dias às autoridades guinneses para implementar o Acordo, um prazo que expirou no dia 16 de janeiro.
Com extremar de posições e o persistente impasse político, a CEDEAO diz que irá avançar para a aplicação de sanções contra as pessoas que impedem a efetiva implementação do Acordo, lê-se no comunicado final da missão divulgado nesta quinta-feira (18.01.)em Bissau.
Contactos continuam
As divergências persistem entre o PAIGC, partido que venceu as eleições em 2014, e os seus deputados expulsos que reclamam o regresso aos lugares que ocupavam na direção.
Os quinze deputados expulsos condicionam o regresso ao partido com a anulação do Congresso previsto para o final do mês. Uma proposta prontamente refutada pela direção do PAIGC.
A missão da CEDEAO liderada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros do Togo, Robert Dussey, e integrada pelo secretário-geral da presidência da Guiné-Conacri, Nabi Bangura, desdobrou-se em contactos com os atores políticos guineenses.
Regresso de Cadogo
Mas houve outro acontecimento que marcou a atualidade política guineense nesta quinta-feira: o regresso ao país do antigo primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior. Este vivia exilado em Portugal, desde 2012, quando sofreu um golpe de Estado.
Aos jornalistas, no aeroporto internacional de Bissau, Cadogo, como também é conhecido, disse que voltou para promover a reconciliação nacional: "apelo ao diálogo para arranjar melhor caminho para a geração vindoura. Estou disposto a ajudar. Hoje estou cá para abraçar os meus irmãos."
Sobre a crise vigente no país, Carlos Gomes Júnior afirma que os políticos devem se entender para o bem da população, deixa em aberto o seu regresso a atividade política.
E ele avisa que não tem compromisso com nenhuma das partes em conflito no país: "Eu penso que a reconciliação é possível. Podemos ter vários partidos e ter as nossas divergências, mas temos que nos aceitar na nossa diversidade devido aos compromissos."
Carlos Gomes Junior deverá reunir-se com o Presidente da Guiné-Bissau nesta sexta-feira (18.01).