Guiné-Bissau: ONU receia dificuldades após as presidenciais
11 de setembro de 2019As próximas eleições presidenciais na Guiné-Bissau, que vão realizar-se em novembro, podem iniciar um novo ciclo político segundo o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Para a organização internacional depois de vários anos de instabilidade esta pode ser a oportunidade para garantir um futuro com maior segurança e inclusão.
Na reunião desta última terça-feira (10.09.), membros do Conselho de Segurança destacaram que a Guiné-Bissau tem o primeiro Governo "inclusivo" e "equilibrado" da África Ocidental, devido às oito ministras e três secretárias de Estado que compõem 35% dos membros do Executivo.
A secretária-geral assistente para África do Departamento de Operações de Paz, Bintou Keita, considerou que a comunidade internacional deve dar apoio financeiro e "contribuição instrumental" para a realização das eleições presidenciais de 24 de novembro e, se necessário, para a segunda volta, a 29 de dezembro, para pôr fim ao "ciclo político de instabilidade" que dura desde 2015.
Desafios eleitorais
Bintou Keita, sublinhou que o processo eleitoral tem desafios como o registo de eleitores. Nas últimas eleições legislativas de março cerca de 25 mil eleitores não tiveram oportunidade votar.
Bintou ainda referiu que é necessário respeitar a data do ato eleitoral e que se deve tornar este processo o mais transparente possível para dissipar a "desconfiança generalizada" em relação à política guineense.
Fernando Delfim da Silva, representante permanente da Guiné-Bissau junto da ONU, referiu que o Governo está focado em realizar eleições credíveis e transparentes. Segundo o diplomata, as eleições presidenciais serão uma oportunidade para o povo guineense "renovar a legitimidade" das instituições do país.
Problema da droga
Delfim da Silva lembrou ainda que o cenário político atual está afetado pela maior apreensão de droga da história do país. No dia 2 de Setembro foram apreendidas 1,8 toneladas de cocaína. A Guiné-Bissau continua ser "atrativo" para os traficantes, devido à fragilidade das instituições e "vulnerabilidade geográfica", afirmou Fernando Delfim da Silva, considerando que os vizinhos africanos lidam com os mesmos problemas.
Fernando Delfim da Silva pediu ao Conselho de Segurança que se encontrem formas de aumentar a capacidade das instituições nacionais, que operam em condições "extremamente precárias" e manifestou a necessidade de reforço da cooperação com as Nações Unidas no combate ao tráfico de droga.
O Conselho de Segurança advertiu que a dificuldade será gerir o período pós-eleitoral, quando serão necessárias reformas constitucionais, e apelou para que as "tendências" dos atores políticos de pôr em causa o resultado das eleições sejam dissipadas.
Os Estados-membros com assento no Conselho de Segurança manifestaram preocupação com a criminalidade relacionada com a droga, assim como pela possibilidade de estas atividades criminosas serem utilizadas para financiamento de atividades terroristas.
A ONU salientou a determinação da polícia guineense e das forças de segurança em neutralizar o problema das drogas, e disse que o controlo da segurança e estabilidade deve ser assegurado também pelo Grupo P5: ONU, Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), União Africana, União Europeia e Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).