Guiné-Bissau: Aristides Gomes será o novo primeiro-ministro
15 de abril de 2018"A fim de evitar mais problemas para o país nos próximos tempos, podemos dizer que o próximo primeiro-ministro será Aristides Gomes", disse o líder guineense. José Mário Vaz falava aos jornalistas no aeroporto de Bissau, à chegada ao país, vindo de Lomé, Togo, onde participou numa cimeira extraordinária da Comunidade Económica de Estados da Africa Ocidental (CEDEAO).
Dez chefes de Estado e de Governo estiveram reunidos em Lomé para encontrar uma solução para a crise política. Durante a cimeira, José Mário Vaz informou os seus homólogos que, após consultas com as forças políticas e sociedade civil, tomou a decisão de nomear Aristides Gomes primeiro-ministro.
Segundo o chefe de Estado, Aristides Gomes vai ser nomeado na segunda-feira e, no mesmo dia, publicará o decreto presidencial para marcar as eleições legislativas para 18 de novembro próximo.
PAIGC de acordo, diz Jomav
O Presidente guineense explicou que o nome de Aristides Gomes foi proposto pelo Partido da Renovação Social (PRS), numa lista com mais duas outras figuras, Martinho Ndafa Cabi, antigo chefe do Governo, e Artur Silva, atual primeiro-ministro, tendo sido retido o de Gomes.
O Presidente guineense frisou que o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), vencedor das últimas eleições legislativas, mas em desavenças com o chefe do Estado há mais de dois anos, concordou com o nome de Aristides Gomes para primeiro-ministro.
José Mário Vaz adiantou que vai assumir as suas responsabilidades e já na segunda-feira demitirá o atual primeiro-ministro, Artur Silva, a quem agradece o trabalho feito, nomeará Aristides Gomes e no mesmo dia anunciará a data das eleições legislativas.
"As pessoas só acreditarão quando começarmos a pôr em prática todos os compromissos assumidos em Lomé", observou o Presidente guineense que pede aos cidadãos para que assumam as diretrizes saídas da cimeira da CEDEAO.
Parlamento reabre na quinta-feira
Apenas faltará que o Parlamento, bloqueado há mais de dois anos devido às divergências entre partidos, seja reaberto, notou José Mário Vaz.
"Não temos outra alternativa, não temos outro caminho. É aceitar, arregaçar as mangas e mãos à obra", vincou o Presidente guineense que acredita ter sido virada hoje uma página na história do país.
Segundo o comunicado final da cimeira, citado pela agência de notícias AFP, o chefe de Estado guineense informou também que os atores políticos decidiram reabrir o Parlamento a 19 de abril para decidir questões relacionadas com a eleição da direção da Comissão Nacional de Eleições e a prorrogação da legislatura.
Os chefes de Estado da CEDEAO "tomaram nota daquelas decisões e datas que farão parte do roteiro" e pediram a "todos os atores para trabalharem para trazer estabilidade ao país".
A Guiné-Bissau vive uma crise política desde a demissão, por José Mário Vaz, em agosto de 2015 do Governo liderado pelo antigo primeiro-ministro Domingos Simões Pereira, do PAIGC, vencedor das legislativas de 2014.
Desde as eleições legislativas de 2014, a Guiné-Bissau já teve seis primeiros-ministros.
O último primeiro-ministro nomeado pelo Presidente foi Artur Silva, um dirigente do PAIGC, que tomou posse a 31 de janeiro, mas que, até ao momento, ainda não tinha apresentado a composição do seu Governo.