Rádios guineenses não têm verbas para cumprir exigências
21 de maio de 2022As rádios comunitárias na Guiné Bissau não receberam a notificação sobre a ordem de encerramento emitida pelo Governo. O presidente da Rede Nacional das Rádios Comunitárias (Renarc), Demba Sanhá, alega que nenhum associado tem capacidade de pagar os valores exigidos pelo executivo.
O Governo guineense emitiu uma ordem de encerramento de 79 rádios do país - entre estações comerciais, religiosas e comunitárias.
Reunidas na vila de São Domingos, norte do país, a Rede Nacional das Rádios Comunitárias realiza a 16.ª Assembleia-Geral com o objetivo de promover o diálogo no setor.
O encontro sob o lema: "Promoção do diálogo comunitário resiliente" juntou cerca de 70 jornalistas de 38 rádios e quatro televisões comunitárias (estações que funcionam com vídeos gravados sobre a vida nas comunidades).
Demba Sanhá explicou à agência Lusa que se trata de um encontro realizado anualmente em que os órgãos comunitários aproveitam para concertar posições, reforçar a capacitação dos seus membros e ainda promover troca de equipamentos.
Sem notificação
Demba Sanhá esclareceu que as rádios comunitárias ainda não receberam qualquer notificação do Governo sobre a ordem de encerramento emitida em março. A medida de suspensão alegava falta de pagamento de emolumentos relacionados com a concessões de licença de emissão.
A reunião de São Domingos também vai servir para analisar o diferendo entre a Renarc e o Governo.
"Uma rádio comunitária vive e funciona à base de troca de serviços com os elementos das comunidades. Os colaboradores das rádios comunitárias são voluntários, não faz sentido que não tenhamos capacidade de dar um subsídio ao colaborar, mas ao mesmo tempo termos de mobilizar recursos para pagar ao Governo", sublinhou o líder da Renarc.
A organização pede ao Governo que isente as rádios comunitárias de qualquer pagamento. O encontro das rádios comunitárias da Guiné-Bissau, que decorre desde quinta-feira, termina neste domingo (22.05).