Guiné-Bissau termina campanha eleitoral entre festa e tensão
16 de maio de 2014Muita música, danças, gritos, buzinas, vivas e muito calor humano marcaram o último dia do que se convencionou chamar de "festa de democracia."
Separados por uma barreira policial, milhares de apoiantes dos dois candidatos às eleições presidenciais de domingo (18.05.14), José Mário Vaz e Nuno Gomes Nabiam, assistiram ao derradeiro comício dos dois finalistas que disputam a segunda volta do pleito.
As intuições do Estado praticamente não funcionaram nesta sexta-feira (16.05.14). Os serviços privados e organizações internacionais abriram as suas portas apenas até às 13 horas.
Caça ao voto
O candidato do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), José Mário Vaz (Jomav), fez o último apelo ao voto frente à sede do seu partido, situado a escassos 100 metros do o Palácio da Presidência da República e a 200 metros da sede do candidato independente Nuno Gomes Nabiam, apoiado pelo Partido da Renovação Social (PRS), onde este também discursou para os apoiantes e o público em geral.
Ambos apelaram ao voto dos guineenses e, como é evidente, cada um à sua maneira a demonstrar porque o voto na sua candidatura é a melhor opção.
Justino Nhaga, jovem de 35 anos, assistiu às duas intervenções, mas não gostou do que ouviu nos discursos dos políticos.
"Eu acompanho a campanha. Acho um bocadinho ridículo, se não absurdo. Vejo os candidatos, não sei se estão a aproveitar da ignorância do povo guineense, a apresentar como projetos programas de governo, dizer que vão construir estradas, escolas. Ou estão a enganar o público, ou não sabem quais são as atribuições do Presidente da República," disparou.
Clima de apreensão, apelo à resiliência
A anteceder a votação de domingo, a preocupação maior no seio da população guineense tem a ver com questões de segurança, logo após a divulgação dos resultados. Organizações da sociedade civil também já se mostram apreensivas quanto ao periodo pós-eleitoral. Mas, como forma de tranquilizar a população, o Presidente de transição, Serifo Nhamadjo, dirigiu-se à nação e lembrou aos guineenses que a escolha que fizerem no domingo irá determinar o futuro de todos nos próximos cinco anos.
Aos dois candidatos e seus apoiantes, Nhamadjo chamou à atenção para as responsabilidades que têm nas mãos, referindo que a paz e a estabilidade "dependem muito" da sua atuação.
"Esperamos ter a segunda volta das eleições presidenciais transparentes, justas e credíveis, num ambiente de total tranquilidade social, ganhe quem ganhar," declarou.
Já Joaquim Chissano, antigo Presidente de Moçambique e chefe da Missão de Observadores Eleitorais da União Africana, espera que a segunda volta presidencial culmine numa festa de todo o povo da Guiné-Bissau.
"Eu estou às espera de participar nessa festa," disse.
Troca de farpas
Entretanto, os dois candidatos à Presidência trocaram acusações pessoais na noite passada (15.05.14), no único debate televiso que os colocou frente-a-frente nesta campanha eleitoral.
Nuno Nabiam classificou o adversário como um candidato "sem ética nem moral," por ter processos em tribunal. Por seu lado, José Mário Vaz colou o adversário entre os que procuram "instabilidade" e que levaram o país "à miséria" no Governo dos últimos dois anos (após o golpe de Estado de abril de 2012).
Recorde-se que nesse periodo, Nabiam foi presidente do Conselho de Administração da Agência da Aviação Civil.