Guineenses na Alemanha estão prontos a cooperar com novas autoridades
18 de maio de 2014A DW África ouviu alguns dos muitos emigrantes guineenses que vivem e trabalham na Alemanha. Apesar de lamentarem o facto de não terem votado nas eleições legislativas e presidenciais, todos estão prontos a dar o seu contributo para o desenvolvimento da Guiné-Bissau, quer a partir do estrangeiro, quer "in loco".
Quintino Fernandes, há cerca de 30 anos a viver na Alemanha, é enfermeiro especialista na área de cuidados intensivos e trabalha no Hospital Charité em Berlim.
"Espero que o meu país saia, de uma vez por todas, deste autêntico lamaçal em que se encontra há 40 anos, desde a independência".
Para este guineense, com as novas autoridades saídas destas eleições gerais "tudo tem que mudar e o mais importante terá que ser a reconciliação nacional, para que os guineenses evitem a agressividade entre irmãos, embora muitas coisas ainda estejam por esclarecer - algo que contribuiu muito para a degradação do país a vários níveis".
Fernandes afirma que ele e muitos outros emigrantes guineenses estão dispostos a dar um contributo, embora modesto, para que a Guiné-Bissau avance, desde que "os futuros governantes dêem mais atenção à diáspora".
"Penso que devemos ser parte integrante do processo de desenvolvimento interno, por exemplo, promovendo o regresso de alguns emigrantes interessados em contribuir 'in loco' para esse desenvolvimento, porque o país é de todos nós", diz.
E Quintino Fernandes lembra a propósito que a "Guiné-Bissau tem muitos quadros competentes no estrangeiro que poderiam ser aproveitados no desenvolvimento do país, desde que estivessem interessados em regressar".
Diáspora confiante em futuro promissor para Guiné-Bissau
O empresário José Rachid, na Alemanha há 21 anos, defende por seu turno que o processo eleitoral na Guiné-Bissau, que culmina este domingo (18.05) com a eleição presidencial, tem que provocar definitivamente uma mudança no país, rumo a uma verdadeira democracia.
Por outro lado, acredita que o ciclo de instabilidade e de violência, que atinge há anos a Guiné Bissau, vai terminar porque "a nova geração de políticos que se apresentou nestas eleições gerais (legislativas e presidenciais) tem um certo valor e pessoas capazes de levar o país a patamares mais altos, como o desenvolvimento, a estabilidade e o progresso".
Para José Rachid chegou o momento de dar um salto qualitativo. "É a altura certa para haver uma mudança. Tenho sempre dito aos amigos que o momento é ideal para todos, sem exceção, pegarmos no trabalho de transformar a Guiné-Bissau num país estável, sem golpes militares, uma nação disposta a trilhar a senda do desenvolvimento".
O empresário guineense mostra-se confiante e otimista nos resultados de todo o ciclo eleitoral, porque existe uma certa confiança nas pessoas que se apresentaram ao longo do processo.
Por isso, Rachid espera que "as novas autoridades trabalhem de mãos dadas com os emigrantes que labutam por este mundo fora e que aguardam, muitos deles, uma oportunidade para regressar e investir no país".
"Nas minhas frequentes deslocações a Bissau vejo infelizmente os estrangeiros a investirem no país e o próprio filho da Guiné não consegue, porquê?", questiona-se. Em jeito de resposta, o empresário reafirma: "chegou a altura de o nosso país se abrir e chamar os seus filhos para que juntos consigamos desenvolver e transformar este país que é de todos nós".
"Querendo, somos capazes de transformar este país"
Pedro Jandi, funcionário da empresa alemã Deutsche Telekom, em Hamburgo, vive na Alemanha há 12 anos. Disse à DW África que está triste por não ter podido votar nas eleições gerais guineenses.
Contudo, "para mim o fundamental é esperar pelo que irá acontecer depois das eleições presidenciais. Os dois candidatos à cadeira presidencial tiveram a coragem de se apresentar nesta corrida num país onde falta tudo e o volume de dificuldades é enorme", comenta Jandi.
"Mas tiveram razão, chegou o momento de todos nós guineenses colocarmos a mão na consciência e acreditarmos que somos capazes de transformar este país e de o tornar num Estado viável a todos os níveis", acrescenta.
Ao lamentar que no passado a diáspora não foi "incluída, nem chamada para ajudar na reconstrução do país", o guineense espera agora que as novas autoridades o façam porque "existe uma certa disponibilidade para tal no seio dos imigrantes".
Porém, deixa um alerta: "Se o país não conseguir solucionar os problemas internos, a diáspora muito pouco poderá ajudar. Estivemos, estamos e estaremos sempre dispostos a dar o nosso contributo para o progresso do nosso país", conclui.