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Guineenses na diáspora acreditam na mudança após eleições

5 de agosto de 2018

Guineenses em Portugal acreditam que as legislativas terão lugar na data prevista, 18 de novembro. Mas o líder do Movimento Guineense para o Desenvolvimento diz que não estão reunidas condições para cumprir o prazo.

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Celeste Sanhá, imigrante guineense em Portugal, tem grandes expectativas para as legislativas de novembro .Foto: DW/J. Carlos

"Acho que vai ser diferente. Com a ajuda da comunidade internacional, espero que sim". Celeste Sanca Sanhá vive há 13 anos em Portugal, muito por causa das crises políticas na Guiné-Bissau. Olha para as eleições legislativas marcadas para 18 de novembro na sua terra natal com uma "expectativa de mudança, para que os guineenses abram os olhos, para saberem diferenciar as coisas".

"Já fomos muitos enganados e eu acho que desta vez vai mudar muita coisa", diz Celeste, que não é a única a acreditar que, apesar das dificuldades no processo eleitoral, a votação terá lugar na data prevista.

Mama Embaló, há 30 anos em Portugal, também está confiante quanto à realização das eleições a 18 de novembro: "Espero que seja assim mesmo, porque o nosso Presidente e o primeiro-ministro já deram esse aviso, de forma vincada, de que as eleições vão ser mesmo no dia 18 de novembro. E eu penso que é a única data para os guineenses irem às urnas".

Mama Embaló espera também mudança. Acredita que o país viverá dias melhores, longe dos tempos de crise política. Nesta votação, acrescenta, os políticos devem dar provas de maturidade e honestidade em benefício do povo guineense e  "o povo deve saber fazer uma boa escolha".

Baba Kanuté  Immigrant aus Guinea-Bissau in Portugal
Baba Kanuté Foto: DW/J. Carlos

"Não vamos apostar naqueles que já têm mãos sujas. Espero que as eleições sejam bem feitas e transparentes", diz Mama Embaló.

Baba Kanuté, que foi cantor da lendária Orquestra Super Mama Djombo, está igualmente expectante, mas vê o cenário eleitoral com prudência. "Marcaram essa data, ela é bem-vinda para nós, porque, se não houver eleições na Guiné-Bissau nessa altura, será uma confusão outra vez", considera.

Ainda assim, admite ter algum receio, já que "pode aparecer outra surpresa que ninguém espera”. "Ninguém deseja isso para nós”, sublinha. "Seja quem for que ganhe democraticamente, o povo vai seguir com ele, porque a Guiné-Bissau sofreu muito. Não queremos sofrer mais".

Camila Dabó, há cerca de 17 anos em Portugal, espera por eleições modernas e que não volte a acontecer o que aconteceu no passado na Guiné-Bissau: "Que seja diferente e que esses novos partidos saibam ouvir os jovens também. Não é só dizer que os jovens são o futuro e não ouvi-los".

Guineenses na diáspora acreditam na mudança após eleições

Visão mais pessimista

A maior preocupação dos guineenses deveria ser a de saber se a Guiné-Bissau está, de facto, em condições de realizar as eleições legislativas marcadas para 18 de novembro deste ano. Foi o que defendeu Umaro Djau, líder da nova formação política Movimento Guineense para o Desenvolvimento (MGD), na sua curta passagem por Lisboa, esta semana. O jornalista que trabalha para a cadeia de televisão norte-americana CNN reuniu-se na sexta-feira (03.08), na Damaia, Reboleira, com um grupo de guineenses na diáspora.

Há garantias de apoio financeiro por parte da comunidade internacional, nomeadamente da União Europeia e da CEDEAO, para a realização de eleições, reconhece Umaro Djau. Ainda assim, diz o líder do MGD, não estão reunidas as condições para que seja cumprido o prazo. "As autoridades nacionais, nomeadamente a Comissão Nacional de Eleições e o Gabinete de Apoio às Eleições, estão a fazer tudo para que as eleições sejam realizadas na data marcada", sublinha. No entanto, acrescenta, "para que isto aconteça, é preciso que, de facto, haja um recenseamento".

Umaro Djau CNN Journalist aus Guinea-Bissau
Umaro Djau, líder do MGDFoto: DW/J. Carlos

O país, diz Umaro Djau, está agora "a discutir que forma de recenseamento poderá haver: um recenseamento de raiz ou um recenseamento seletivo". Por isso, afirma, "a questão de apoios [financeiros] não se coloca agora".

"A questão essencial é o timing, se há, de facto, tempo suficiente para que todos estes parâmetros e prazos sejam cumpridos legalmente e para que as eleições tenham lugar na data marcada de 18 de novembro", conclui.

Djau considera que a diáspora está sempre pronta para participar e abraçar o novo processo eleitoral na Guiné-Bissau, "até porque", acrescenta, "está mais preparada pelo acesso à educação, às novas tecnologias e à informação e sua partilha através das redes sociais".

O líder do movimento esteve recentemente em contacto com a população na Guiné-Bissau e percebeu que os guineenses já abriram os olhos. "Agora, mais do que nunca, estão atentos ao desenrolar da situação política e económica do país". Os exemplos dos últimos 44 anos, alerta, demonstram um falhanço total na governação e na liderança do país. Por isso, acredita "que os guineenses estão mais mobilizados e mais conscientes sobre os caminhos a seguir no próximo processo eleitoral".

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