Guiné-Bissau: Mundo disponível para trabalhar com Sissoco
28 de abril de 2020A comunidade internacional, agrupada no chamado "P5", que integra as Nações Unidas (ONU), União Europeia (UE) União Africana (UA), Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), manifesta-se disponível para ajudar a Guiné-Bissau e reforçar a cooperação bilateral com as novas autoridades.
Representantes das diferentes organizações reuniram-se esta terça-feira (28.04) com o Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló.
"Tive uma boa conversa com o Presidente da República. Discutimos o futuro da cooperação e reiterei a missão de desenvolver todos os esforços no sentido de estreitar as boas e harmoniosas relações que existem há mais de 40 anos entre a União Europeia e a Guiné-Bissau", disse aos jornalistas Sónia Neto, embaixadora da UE em Bissau.
Estes foram os primeiros encontros oficiais do P5 com Sissoco Embaló, desde que ele foi reconhecido pela CEDEAO e pelo resto da comunidade internacional como chefe de Estado guineense.
Trabalhar para garantir estabilidade
O representante da União Africana na capital guineense, Ovídio Pequeno, disse que esta primeira abordagem foi no sentido de trocar impressões sobre o que poderá ser o futuro do desenvolvimento do país e o que se espera das ajudas do P5 para garantir a paz e a estabilidade.
Também em nome da CPLP, o embaixador do Brasil na Guiné-Bissau, Fábio Guimarães Franco, elogiou o gesto de Umaro Sissoco Embaló de se reunir com os parceiros para analisar o estado da cooperação.
"O encontro serviu para o Presidente manifestar a sua disposição para trabalhar com a CPLP. Também falámos da cooperação bilateral com o Brasil. Estamos todos prontos para reativar e fortalecer ainda mais a nossa cooperação", afirmou.
A representante das Nações Unidas no encontro não prestou declarações à imprensa.
"CEDEAO protege golpes de Estado"
Vários partidos com assento parlamentar continuam a criticar a decisão da comunidade internacional de reconhecer Sissoco Embaló como Presidente e, ao mesmo tempo, deixar cair o Governo de Aristides Gomes, que resultou das eleições legislativas de 2019.
A União para a Mudança acusa a CEDEAO de ter sido "parcial e tendenciosa" e de desempenhar um papel de "protetora de golpes de Estado" e da ilegalidade, ao reconhecer Umaro Sissoco Embaló como Presidente da República.
Para o partido, este trata-se de um reconhecimento "meramente político e que, portanto, não obriga qualquer instituição, e deixa profundas e irreparáveis manchas na afirmação política da organização. Com a decisão, a CEDEAO decidiu assumir-se como instância judicial suprema da Guiné-Bissau, neste caso o Supremo Tribunal", lê-se num comunicado divulgado esta terça-feira, a que a DW África teve acesso.
Reposição do Governo de Aristides Gomes
O partido liderado por Agnelo Regala e que faz parte do acordo de incidência parlamentar com o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) aguarda ainda que se sejam criadas condições para um pronunciamento do Supremo Tribunal de Justiça sobre o contencioso eleitoral.
Em simultâneo, a comissão permanente do PAIGC exige a reposição imediata do Governo liderado por Aristides Gomes, afastado do poder.
O PAIGC apela ao "reconhecimento da validade das eleições legislativas de março de 2019, dos seus resultados, da existência de um Governo decorrente de uma maioria parlamentar existente e sólida, dirigida pelo PAIGC, com um programa de governação já aprovado pela Assembleia Nacional Popular."
Sissoco Embaló convidou os partidos com assento parlamentar para audiências separadas, na quarta-feira (29.04).
Entretanto, o Governo liderado por Nuno Gomes Nabiam fixou o preço da compra da castanha de caju ao produtor nos 375 francos cfa, o equivalente a cerca de 0,50 euros, alegando ser um preço justo e equilibrado tendo em conta a conjuntura internacional causada pela pandemia da Covid-19.