Congresso do MADEM-G15 não desperta grandes expetativas
30 de setembro de 2022O congresso, que decorre na Vila de Gardete, no norte da Guiné-Bissau, foi aberto esta sexta-feira (30/09). Para já, sabe-se pouco sobre o número de delegados, calculados em mais de dois mil, e quem serão os concorrentes à liderança do MADEM-G15. A única certeza é que Braima Camará, coordenador Nacional do Partido, que ambiciona o cargo do primeiro-ministro, se candidata à sua própria sucessão.
O MADEM-g15 reúne os seus militantes sob o lema: "Consolidar o Partido, Promover a Unidade Nacional e Desenvolver a Guiné-Bissau" num congresso que chama as atenções, mas do qual o jornalista Sabino Santos não espera muitas mudanças.
"Acho que este segundo congresso, antes de tudo, servirá para legitimar a figura de Braima Camará como coordenador Nacional do Partido", disse o analista às DW África. O próprio congresso, adianta, vai sobretudo debater assuntos inerentes aos estatutos.
Choque de egos?
Os novos militantes do MADEM-G15 incluem altas figuras políticas oriundas do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC). Nos últimos dias decidiram juntar-se ao Movimento para Alternância Democrática o ex-presidente da República, José Mário Vaz, e a atual ministra dos Negócios Estrangeiros, Suzi Barbosa.
Mas para Sabino Santos, por causa das adesões recentes, o MADEM-G15 terá novos desafios após o congresso: "Haverá outro problema, que é de gerir os egos, gerir as sensibilidades e as figuras que estão a aderir ao movimento", explica, acrescentando: "Por exemplo, na eventualidade de termos, nos próximos tempos, as eleições [legislativas] como é que será a composição das listas [de candidatos a deputado] e onde é que ficará Suzi Barbosa"?
Na Guiné-Bissau, o antes e pós-congresso costuma ser marcado por desconfiança e crónicos desentendimentos dentro dos partidos, cujas consequências acabam por afetar a estabilidade do país.
Apelo ao sentido de responsabilidade
Gueri Gomes, o coordenador Nacional do Fórum das Organizações da Sociedade Civil da África Ocidental, apela a uma conduta diferente do MADEM-G15: "Nós esperamos que o MADEM-G15, depois do seu congresso, tenha condições efetivas, enquanto partido que tem responsabilidades com a Guiné-Bissau, de poder redefinir e reposicionar as suas ações para melhor contribuir no processo da estabilização da Guiné-Bissau".
O Movimento para Alternância Democrática, que obteve 27 mandatos nas últimas eleições legislativas, tornou-se na segunda maior força política do país. É constituído na maioria por figuras expulsas ou que decidiram deixar voluntariamente o PAIGC, em 2015, depois de desentendimentos com a direção de Domingos Simões Pereira.