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Enfermeiros da Guiné-Bissau em greve em plena pandemia

Lusa | ms
16 de setembro de 2020

Sindicato dos Enfermeiros e Técnicos de Saúde da Guiné-Bissau inicia esta quarta-feira uma greve de sete dias para exigir a regularização da carreira, pagamentos de dívidas em atraso e melhores condições de trabalho.

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Foto: DW/I. Dansó

"As nossas principais reivindicações estão relacionadas com os pagamentos, inúmeras dívidas que o Estado tem como salários, subsídios de 2015, 2017 e 2018 e com a parte legislativa", disse à Lusa o presidente do Sindicato Nacional dos Enfermeiros e Técnicos de Saúde da Guiné-Bissau, Yoio João Correia.

Segundo o dirigente sindical, a questão essencial não é só o pagamento, mas a regularização da carreira dos técnicos de saúde. 

"Alguns documentos relativo à carreira de técnicos de saúde deviam ter sido aplicados em maio e ainda não foram aprovados. Existem muitos técnicos que não têm carteira profissional é importante haver uma organização que regularize o exercício de enfermagem", salientou.

O presidente do sindicato esteve reunido na semana passada com o ministro das Finanças, João Fadiá, que se mostrou disponível para liquidar as dívidas, mas o Ministério da Saúde não disponibilizou todos os documentos necessários.

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Situação de calamidade proíbe realização de greves

O Governo da Guiné-Bissau declarou na semana passada situação de calamidade e emergência de saúde no país até dezembro no âmbito do combate à pandemia provocada pelo novo coronavírus. O regulamento da situação de calamidade proíbe a realização de greves, bem como os despedimentos.

"Nós temos consciência disso, mas os governantes também têm consciência das condições dos técnicos de saúde. Neste momento, a nível mundial, todos os técnicos estão a merecer atenção especial, menos na Guiné-Bissau", lamentou Yoio João Correia.

Para o presidente do Sindicato dos Enfermeiros e Técnicos de Saúde da Guiné-Bissau, há "desinteresse do Governo". "Numa pandemia também devemos ter condições mínimas de trabalho. O nosso objetivo é ter boas condições de saúde para toda a população", disse Yoio João Correia, salientando não fazer sentido estancar reivindicações através da situação de calamidade.

"Pedimos à população para compreender o nosso propósito, que é exigir condições. Não nos sentimos bem quando recorrem ao nosso serviço e não podemos fazer nada para ajudar", concluiu.

 A Guiné-Bissau registou até ao momento 39 mortos e 2.303 casos de infeção pelo novo coronavírus.