Falta oxigénio há três semanas no Hospital Simão Mendes
12 de julho de 2018A Liga Guineense dos Direitos Humanos juntou-se a um um coro crítico contra a falta de oxigénio medicinal no principal centro hospitalar da Guiné-Bissau, o Hospital Nacional Simões Mendes. A falta de oxigénio medicinal tem sido um problema recorrente nos hospitais guineenses, mas desta vez a situação é grave na medida em que há mais de três semanas que a única máquina que fabrica oxigénio está avariada, criando transtornos aos pacientes.
A inauguração em outubro de 2016 de uma pequena unidade de produção de oxigénio ligada ao hospital Simão Mendes tinha suscitado muitas expetativa, mas rapidamente a situação deteriorou-se devido à interrupção da produção ligada a problemas financeiros.
Insensibilidade dos políticos?Para o presidente da Liga dos Direitos Humanos, Augusto Mário da Silva há uma grande insensibilidade dos atores políticos para os problemas mais delicados das populações. Augusto Mário diz por exemplo que não entende o facto de o Estado guineense ter solicitado ao Reino do Marrocos mais de cem viaturas topo de gama para os deputados e ter esquecido que o hospital necessita de oxigénio para atender os doentes.
"A nossa posição é de condenação com todas as nossas forças à situação que se constata no hospital. Não se compreende como é que damos ao luxo de oferecer viaturas zero quilómetros aos deputados quando temos um hospital de referência nacional sem oxigénio. Isto, de facto, revela a falta de maturidade dos nossos políticos e falta de sentido de prioridade. No fundo revela o desconhecimento total da missão que é reservada a classe política.
100 carros Topo de Gama para deputados
Recentemente o Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz entregou cerca de 100 viaturas 4x4, da última geração, aos deputados do Parlamento. O donativo respondeu a um pedido feito pelo Estado guineense ao Rei de Marrocos.
Augusto Mário da Silva criticou também o facto de os deputados estarem a solicitar um aumento salarial, quando não há oxigénio num hospital de referência, como é o caso de Simão Mendes, greve dos professores continuam porque exigem o pagamento dos salários em atraso e a Central Sindical - UNTG exige o reajuste salarial no aparelho de Estado utilizando como forma de pressão várias paralisações.Aos microfones da DW-África, o administrador do Hospital Nacional Simões Mendes, Braima Dabo afirma que uma avaria na máquina de produção de oxigénio fez com houvesse rutura das reservas.
"A falta de oxigénio deve-se a uma avaria no Central de produção do Hospital. Não possibilidades de encontrar peças no país, mas estamos a tentar contactos com o fabricante de modo a conseguir peça para a reparação, o que não é possível ainda. Neste momento estamos a cobrar oxigénio fora, o que sai mais caro".
Situação difícil para os pacientes
Mas Dabo admite que a falta de oxigénio tem criado muitos transtornos aos pacientes no hospital, porque para a compra de uma garrafa de oxigénio que custa cerca de 50 euros, a pessoa tem que pagar uma caução de quase 235 euros.
"Nós aqui trabalhamos com fundos doados e uma vez que estávamos em greve temos uma série de dificuldades para encontrar a solução ideal para o consumo de oxigénio para os pacientes".
O técnico responsável pela fábrica, Serifo Abdulai Ba, avança que a máquina está com problemas técnicos talvez devido à falta de uma manutenção regular, tendo apontado como solução a compra de um novo conjunto de equipamentos para que este e outros eventuais problemas sejam ultrapassados.
Os equipamento para produção de oxigénio, têm capacidade para produzir 12 garrafas em 24h e segundo apurou a DW em Bissau ainda não de sabe quando é que a produção será retomada, embora muitos doentes citados pela imprensa nacional têm denunciado a falta de oxigénio no hospital nacional do país.