Guiné-Bissau: Natal mais caro em tempos de pandemia
23 de dezembro de 2021Este é o ano de maior contestação social ao Governo pelos sindicatos que têm convocado sucessivas greves, com maior impacto nos setores da saúde e educação, sem uma solução até ao momento. A situação agravou-se com o aumento de impostos e consequente subida de bens essenciais no mercado.
Para a quadra festiva do Natal e do Ano Novo, as queixas continuam e as dificuldades são relatadas pelos vendedores do mercado. "O negócio está muito difícil neste momento, a mercadoria está muito cara no mercado e o controlo [por parte do Estado] está muito fraco", disse um dos vendedores do mercado de abandim, em Bissau.
"Em relação aos anos anteriores, este ano está a ser um pouco difícil, porque no ano passado neste o estado de Negócio é mais elevado em relação a este ano. Este ano vimos que há uma baixa considerável, em termos de fluxo das pessoas no mercado", disse.
Fraco poder de compra
A mesma situação foi relatada pelos consumidores, que se queixam do fraco poder de compra: "Mesmo querendo fazer as compras, mas com muita coisa para fazer, é melhor priorizar outras, porque o rendimento não favorece para fazer compra para o Natal. Se eu tivesse o dinheiro, comprava alguma coisa, mas não dá", desabafa um cidadão.
"A situação está muito difícil e não há dinheiro. Contudo, outros têm dinheiro para fazer as compras hoje e amanhã, mas eu só depois de amanhã é que vou estar em condições [financeiras] para fazer as compras", disse outra consumidora.
Em várias ocasiões, o ministro das Finanças, João Fadiá, negou que os novos impostos estejam a ter grande impacto no bolso dos trabalhadores, mas essa tem sido uma das razões evocadas para o aumento dos produtos no mercado e para a continuidade da greve dos sindicatos.
Novos impostos e taxas
Perante as queixas dos consumidores sobre o fraco poder de compra e o aumento dos preços de bens essenciais, nas vésperas do natal, o economista Serifo Só diz que "o país está a viver uma ruptura no mercado, onde a demanda e a procura são demais e o poder de compra é inexistente."
"Isso foi causado não só pela situação da Covid-19, mas pelo aumento dos transportes marítimos [de mercadorias] que se duplicou neste momento, foram criados novos impostos e aumentaram novas taxas", destaca.
Com a laicidade do Estado, a quadra festiva na Guiné-Bissau tem sido um momento de confraternização entre as famílias de diferentes confissões religiosas.