Bissau: Nabian reage à morte de manifestante em protestos
27 de outubro de 2019O líder da Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), que partilha a governação com o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) acusa as autoridades policiais de "execução" de um manifestante este sábado (26.10) na sequência de uma manifestação reprimida pelas forças da ordem.
Nuno Gomes Nabian, que também é candidato às eleições presidenciais apoiado pelo seu partido, reagiu neste domingo (27) em conferência de imprensa aos acontecimentos de sábado em Bissau:
"O que aconteceu nesta marcha é um plano premeditado e uma ordem de mandar matar. É grave. É aquilo que chamamos de excesso de força ou brutalidade da força da ordem, o que não é normal numa sociedade que tentamos construir. Este irmão [manifestante] foi executado. Inalou o gás, perdeu o fólego, desmaiou. Segundo informações, a polícia chegou e meteu-o arma no pescoço até à morte. É ordem para matar as pessoas, para não se manifestarem. Por isso, os mandantes desta ordem têm que ser responsabilizados".
Reações
Na sequência dos acontecimentos - que resultaram na morte de um dos manifestantes e no ferimento de dois outros -, surgiram ainda no sábado (26.10) várias reações. A Liga Guineense dos Direitos Humanos e o Movimento para Alternância Democrática (MADEM-G15), líder da oposição, condenam a atuação da polícia e exortaram ao Ministério Público a abrir um inquérito célere e transparente para apurar as responsabilidades.
O MADEM G-15 disse ainda estranhar a o silêncio do P5 em relação à "desproporcional" atuação das forças da ordem. O partido líder da oposição responsabiliza o Governo, particularmente o Primeiro-ministro (Aristides Gomes) e o Ministro do Interior (Juliano Fernandes) pelo sucedido.
O P5 é da denominação dada às Nações Unidas, União Europeia, União Africana, Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental e Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, que têm apoiado a Guiné-Bissau.
Por seu lado, o ministério do Interior, que na véspera tinha proibido a manifestação, alegando que os organizadores da marcha não respeitaram os critérios e requisitos para obterem o seu aval, anunciou a abertura de um inquérito interno para apurar as eventuais responsabilidades. Segundo o ministério, os dados recolhidos não apontam que a morte de um manifestante esteja ligada à atuação da polícia.
A manifestação tinha sido convocada para denunciar supostas irregularidades no processo eleitoral, alegadamente cometidas pelo Governo, na preparação das eleições presidenciais previstas para 24 de novembro.