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Guiné-Bissau: Umaro Sissoco Embaló está a perder aliados?

6 de fevereiro de 2024

O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, nega crise no país. Mas analista ouvido pela DW prevê a reabertura do Parlamento guineense e a formação de novos acordos políticos e também afasta cenário de eleições.

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Umaro Sissoco Embaló, Presidente da Guiné-Bissau
Foto: Kola Sulaimon/AFP

Em entrevista à DW, o analista guineense Armando Lona diz que a "rutura" dos partidos que fazem parte do Governo de iniciativa presidencial com Umaro Sissoco Embaló deverá levar à formação de novos acordos políticos e à retoma dos trabalhos da Assembleia Nacional Popular.

O também jornalista acusa o ex-primeiro-ministro Nuno Nabiam, líder da Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), e Fernando Dias, presidente interino do Partido da Renovação Social (PRS), de "incoerência política".

DW África: Primeiro, foram os líderes do PRS e APU-PDGB a criticar o Presidente guineense. Agora Braima Camará, do Movimento para Alternância Democrática (MADEM-G15). Umaro Sissoco Embaló está a ficar isolado?

Armando Lona (AL): Bom, vamos confirmar isso nos próximos tempos, mas de momento é isso que transparece. Porque, como sabemos, o atual Governo foi instituído com base nos acordos entre Umaro Sissoco Embaló e essas lideranças partidárias.

Armando Lona, analista e jornalista guineense
Armando Lona: "É curioso ver essas lideranças a condenarem hoje o que está a acontecer2Foto: Iancuba Dansó/DW

DW África: Ainda assim, Sissoco negou esta segunda-feira (05.02) qualquer crise no país, afirmando, inclusive, que Nuno Nabiam, Fernando Dias e Braima Camará "pertencem ao seu campo"…

AL: Sim, não tem interesse em reconhecer a crise. Portanto, estamos perante um exercício político. Caberá aos outros líderes partidários políticos confirmarem essa rutura nos próximos tempos.

DW África: Por outro lado, onde estavam estes líderes nos últimos meses quando ocorreram outros episódios deste género no país? A que se deve esta mudança de posição?

AL: Sim. É a questão que os guineenses colocam hoje. Assistimos, de algum tempo para cá, a vários episódios, espancamentos, raptos de diferentes cidadãos nacionais, incluindo deputados. Portanto, tivemos sempre silêncio por parte dessas lideranças partidárias. É curioso ver essas lideranças a condenarem hoje o que está a acontecer. É uma falta de coerência política por parte desses políticos.

DW África: Existem, neste momento, divisões no seio dos próprios partidos, no PRS, no MADEM-15?

AL: Também é uma questão a confirmar, porque no PRS já se ouviram algumas vozes discordantes. Mas como o partido decide através dos seus órgãos, e o PRS [emitiu] recentemente uma deliberação da comissão política, espera-se que qualquer decisão importante no partido passe pela Comissão Política. Esse acordo com a APU-PDGB foi também legitimado pela comissão política do partido. Com o MADEM-G15, vimos uma resolução do Conselho Nacional: mais de 400 membros do órgão deram claramente ao coordenador do partido poderes e um mandato para negociar um acordo.

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DW África: Com estas mudanças, volta a estar em cima da mesa a viabilização do funcionamento da Assembleia Nacional Popular?

AL: Sim, sim, isso cada vez é mais evidente. Os pronunciamentos do líder da APU-PDGB, Nuno Gomes Nabiam, e agora de Braima Camará, estão a indicar claramente que é essa a estratégia. E isso leva-nos a acreditar que esse acordo poderá ser abrangente, com o vencedor das últimas eleições legislativas que é a coligação PAI - Terra Ranka.

DW África: Portanto, também a realização de eleições, ainda para mais em março, fica assim afastada…

AL: Sim, há elementos para dizer que não há condições para falar em eleições. Porque o país acabou de sair de eleições no mês de junho, não é concebível pensar que os atores políticos possam se entender em torno de um calendário novo agora.