Alpha Condé supostamente detido pelas forças especiais
5 de setembro de 2021"Decidimos, depois de retirar o Presidente, que atualmente está connosco (...), dissolver a Constituição em vigor e dissolver as instituições”, disse o coronel Mamady Doumbouya, comandante das forças especiais, um dos membros do grupo envolvido no alegado golpe de Estado.
Doumbouya garantiu ainda que "decidimos também dissolver o Governo e fechar as fronteiras terrestres e aéreas", disse apresentando-se no vídeo publicado nas redes sociais, mas não transmitida pela televisão nacional de uniforme e armado.
Também foram divulgadas imagens do chefe de Estado, nas quais lhe perguntam se foi maltratado, tendo Alpha Condé, vestido com calças de ganga e camisa e sentado num sofá, recusado responder.
Entretanto, o Ministério da Defesa do país garante em comunicado ter repelido a tentativa de golpe de Estado.
"Os insurgentes semearam o medo" em Conacri antes de tomarem o palácio presidencial, mas que "a guarda presidencial, apoiada pelas forças de defesa e segurança leais e republicanas, conteve a ameaça e repeliu o grupo de atacantes", refere o Ministério da Defesa.
Hoje de manhã foram ouvidos tiros de armas automáticas no centro de Conacri, capital da Guiné-Conacri, e muitos soldados eram visíveis nas ruas, segundo relataram várias testemunhas à agência AFP.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, já reagiu aos acontecimentos e condenou "qualquer tomada de poder" na Guiné-Conacri "pela força das armas".
Guterres apelou ainda, numa publicação na rede social Twitter, "à libertação imediata do Presidente Alpha Condé" e disse que está a seguir a situação na Guiné-Concari "de muito perto".
Por seu turno, a Guiné-Bissau anunciou já ter reforçado as medidas de segurança na fronteira leste e sul com a Guiné-Conacri. Citadas pela Lusa, fontes militares da Guiné-Bissau garante que "os batalhões dos aquartelamentos de Gabu (leste), de Quebo e Buba (no sul) receberam ordens do Estado-Maior das Forças Armadas no sentido de reforçarem as medidas de segurança nos postos de fronteira com a Guiné-Conacri.
Fontes do Governo disseram à agência Lusa que Bissau "está a acompanhar o evoluir da situação" na Guiné-Conacri.
A Guiné-Conacri, país da África Ocidental que faz fronteira com a Guiné-Bissau e é um dos mais pobres do mundo e enfrenta, nos últimos meses, uma crise política e económica, agravada pela pandemia de covid-19.
A candidatura do Presidente Alpha Condé a um terceiro mandato, considerado inconstitucional pela oposição, em 18 de outubro de 2020, gerou meses de tensão que resultou em dezenas de mortes.
A eleição foi precedida e seguida da detenção de dezenas de opositores. Vários defensores dos direitos humanos criticam a tendência autoritária observada durante os últimos anos na presidência de Condé e questionam as conquistas do início da sua governação.
Condé, um ex-opositor histórico, preso e até condenado à morte, tornou-se, em 2010, no primeiro Presidente eleito democraticamente no país.
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