Guiné-Conacri: Condenação de Dadis Camará causa satisfação
2 de agosto de 2024Na Guiné-Conacri, continuam a chegar as reações após a condenação por crimes contra a humanidade do capitão Moussa Dadis Camará. O antigo líder da junta militar foi condenado na quarta-feira (31.07) a 20 anos de prisão no julgamento de um massacre cometido, em 2009, durante a sua presidência.
Alpha Amadou Bah, um dos advogados das vítimas, exprimiu a sua satisfação: "Os arguidos foram condenados a penas que consideramos aceitáveis. Porque os crimes foram hediondos, muitas pessoas perderam a vida, algumas estão a sofrer até hoje por terem sido profanadas no estádio, e há pessoas que infelizmente ainda não encontrámos".
As penas aplicadas aos arguidos considerados culpados não agradam muitas vítimas, algumas das quais consideram a decisão do tribunal "branda" para com os seus torturadores. Mas para Asmaou Diallo, presidente da Associação de Pais, Vítimas e Amigos do 28 de setembro (AVIPA), o veredito é "o culminar de uma luta de 15 anos".
Alívio, apesar da dor
Ela própria perdeu um dos seus filhos na carnificina que teve lugar no estádio 28 de setembro, onde pelo menos 157 pessoas foram mortas e 109 mulheres foram violadas, de acordo com uma comissão da ONU.
"Hoje sentimos um imenso alívio, mesmo que a dor das nossas perdas permaneça. Esta sensação de realização é tingida de tristeza porque nada, nada pode trazer de volta os nossos entes queridos", diz Asmaou Diallo.
Os advogados de defesa contactados pela DW após a sentença não quiseram comentar. É de salientar que a audiência desta quarta-feira (31.07) decorreu na ausência dos advogados de defesa e da parte civil. Mas em comunicado, os advogados do ex-Presidente da Guiné-Conacri anunciaram esta quinta-feira (01.08) que vão recorrer.
Esta é a primeira vez na história da Guiné que um antigo chefe de Estado é julgado e condenado.