Guiné-Conacri: Violência marca votação
22 de março de 2020Pouco depois do início das votações, jovens atacaram a polícia posicionada do lado de fora de uma assembleia de voto em uma escola em Ratoma, um subúrbio da capital Conakry, segundo um repórter da AFP e outras testemunhas. Em outra escola próxima, o equipamento de votação foi vandalizado.
Um homem de 28 anos foi morto a tiro e várias outras pessoas foram feridas em outro subúrbio de Conakry, Hamdallaye, o irmão da vítima confirmou à AFP. As autoridades não responderam aos pedidos da agência noticiosa francesa para confirmar a morte.
Confrontos por toda a parte
Também houve confrontos em outros subúrbios de Conakry, como Cosa, Dar-es-salam e Lambanyi, onde jovens da oposição atiraram pedras na polícia que respondeu com gás lacrimogêneo enquanto garantiam a continuação da votação, disseram um jornalista da AFP e testemunhas.
Tiros também foram ouvidos em algumas partes de Conakry, de acordo com um jornalista da AFP.
A agitação também eclodiu em Mamou no centro, em Boke no oeste e em N'Zerekore, e os manifestantes destruíram material eleitoral em regiões ao sul e ao nordeste, segundo testemunhas.
"Espero que tudo transcorra em paz e calma e que o povo guineense, como em 1958, mostre a sua maturidade", disse Condé após votar em Conakry, fazendo referência ao referendo que abriu o caminho para a independência do país.
Os críticos questionaram se a votação deste domingo poderá ser considerada justa, uma vez que decorre em meio à crescente preocupação com a disseminação do novo coronavírus em África.
Referendo
No referendo deste domingo, o Presidente Alpha Condé, que se tornou o primeiro presidente democraticamente eleito do país em 2010, propõe uma mudança na Constituição para codificar a igualdade de gênero e introduzir outras reformas sociais.
Mas os seus oponentes temem que o verdadeiro motivo seja redefinir os limites do mandato presidencial, permitindo que Condé, de 82 anos, concorra a um terceiro mandato no final deste ano - um cenário que seu Governo não descartou.
Desde outubro, os guineenses protestam em massa contra a possibilidade de o Presidente estender a sua permanência no poder. A morte de domingo elevou o número total de pessoas mortas nos protestos para 32, de acordo com uma contagem da AFP.