Malabo nega construção de muro na fronteira com Camarões
19 de agosto de 2019"Falta informação àqueles que falam de um muro", disse sexta-feira (16.08) o ministro dos Negócios Estrangeiros, Oyono Esono Angue, à Rádio Guiné Equatorial. A primeira resposta oficial do governo sobre o assunto surgiu durante uma visita a Yaoundé, para entregar uma carta do Presidente Teodoro Obiang Nguema ao seu homólogo camaronês, Paul Biya.
No início do mês, vários residentes na Guiné Equatorial disseram ter sido informados sobre os planos de construção do muro na fronteira com os Camarões. A Guiné Equatorial tem acusado os Camarões de deixarem entrar ilegalmente no seu território cidadãos da África Ocidental e o muro supostamente deveria impedi-los de entrar no país sem autorização.
Membros do exército camaronês confirmaram que militares da Guiné Equatorial invadiram a cidade de Kyé Ossi, na fronteira, e colocaram marcos em vários locais, estendendo assim o seu território para além da fronteira estipulada atualmente.
Mais tarde, o chefe do exército dos Camarões, René Claude Meka, visitou o local e avisou que os Camarões não iriam tolerar "qualquer intrusão ilegal" no seu território.
Por detrás do muro
Inicialmente anunciada como forma de combater a imigração ilegal, a medida é contra a livre circulação de pessoas e bens na região foi aprovada, em 2017, pelos seis países membros da Comunidade Económica e Monetária da África Central (CEMAC), entre os quais os Camarões e a Guiné Equatorial.
A Guiné Equatorial, que é governada com mão de ferro por Teodoro Obiang desde 1979, tem estado particularmente atenta à fronteira com os Camarões, já que foi aqui que cerca de 30 homens armados foram presos e acusados de tentativa de golpe de Estado contra o regime de Malabo no final de dezembro de 2017.
Na altura, o incidente levou a Guiné Equatorial a encerrar a fronteira com os Camarões durante seis meses.
Analistas falam, por isso, noutros motivos por detrás da construção de um muro na fronteira. "Depois do golpe, o governo teve de se proteger e disse que suspendia o acordo de isenção de vistos", afirma Christian Mbock, professor da Universidade Nacional da Guiné Equatorial. "É uma situação complexa", sublinha.