Gás: Crise não afasta investimentos em Moçambique
2 de fevereiro de 2017A crise que Moçambique enfrenta não vai influenciar nas decisões de investimento das grandes petrolíferas na exploração dos recursos naturais do país, considera a consultora britânica Business Monitor Internacional (BMI), do grupo Fitch.
Apesar de as finanças públicas estarem pressionadas, as grandes multinacionais têm capacidade para manter a aposta no país, lê-se no mais recente relatório sobre Petróleo e Gás em Moçambique, citado pela agência de notícias Lusa.
Exemplo disso é a decisão final de investimento do consórcio da ENI no projeto Coral Sul, na Bacia do Rovuma, na província de Cabo Delgado.
A multinacional italiana já está a construir uma fábrica flutuante de liquefação de gás na bacia do Rovuma.
"A ENI East Africa efetuou uma campanha de pesquisas sísmicas que veio a confirmar uma grande quantidade de hidrocarbonetos nesta área. Estamos a falar de quantidades que excedem os 85 triliões de pés cúbicos", revelou a coordenadora de projetos Jocelyne Machevo.
Moçambicanos queixam-se de exclusão
A ENI já lançou um concurso público para que as empresas nacionais prestem serviços. No entanto, muitas empresas nacionais continuam a queixar-se de exclusão nos concursos por não terem capacidade para prestarem serviços.
Mas Rogério Samo Gudo, da Confederação das Associações Económicas (CTA), não tem dúvidas: "Existe uma muito boa capacidade local. Temos novas metalomecânicas", salientou durante a conferência sobre óleo e gás que decorreu esta terça-feira (31.01), em Maputo.
A ENI não fecha portas às empresas moçambicanas interessadas na prestação de serviços à companhia, "desde que corresponda a todos os requisitos, em função do concurso" lançado, explica Nelsa Mualeite, que coordena a qualificação de fornecedores na ENI.
A CTA entende que esta vontade da ENI em investir em Moçambique poderá melhorar o desempenho da economia em 2017, tal como advinha o presidente da agremiação. "É necessário uma aposta em infraestruturas, mas também é preciso envolver maior número de operadores nacionais", defende Agostinho Vuma.