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PolíticaGâmbia

Gâmbia investiga golpe de Estado e prende mais soldados

AFP | Lusa
28 de dezembro de 2022

Após a detenção de mais soldados, o Governo da Gâmbia anunciou a criação de uma comissão de inquérito para investigar a tentativa de golpe de Estado há uma semana. Relatório deverá ser apresentado dentro de um mês.

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Adama Barrowy, atual Presidente da Gâmbia
Adama Barrowy, atual Presidente da GâmbiaFoto: Valery Sharifulin/TASS Host Photo Agency /imago images

A comissão agora criada, integrada por  11 pessoas, inclui membros do Ministério da Justiça, da polícia, exército e serviços de inteligência e tem "30 dias para investigar, preparar e apresentar" o seu relatório, afirmou o porta-voz do Governo, Ebrima Sankareh.

Na quarta-feira passada, o Executivo anunciou que tinha frustrado uma tentativa de golpe no dia anterior e detido pessoal militar.

Um capitão e um tenente alegadamente envolvidos no golpe falhadoforam detidos no fim-de-semana e, segundo Ebrima Sankareh, estão agora "a ajudar os investigadores" a descobrir alegados "planos para derrubar o governo do Presidente Adama Barrow."

Cinco outros soldados foram detidos por alegada ligação ao caso. E pelo menos duas outras pessoas acusadas de terem desempenhado um papel na tentativa de golpe continuam a ser procuradas, de acordo com as autoridades.

O antigo ministro dos Assuntos Presidenciais durante o regime de Yahya Jammeh (1996 - 2017) e membro do principal partido da oposição, o Partido Democrático Unido (UDP), foi também detido após aparecer num vídeo a sugerir que o Presidente será derrubado antes das próximas eleições locais. O partido exigiu já a sua libertação imediata.

Yahya Jammeh foi Presidente de 1996 a 2017
Yahya Jammeh foi Presidente de 1996 a 2017Foto: Marco Longari/AFP

Onda de golpes

Esta é a mais recente tentativa de golpe na África Ocidental desde 2020, após dois golpes bem-sucedidos no Mali e no Burkina Faso e outro na Guiné-Conacri, e uma tentativa na Guiné-Bissau.

Numa cimeira realizada no início de dezembro em Abuja, Nigéria, os líderes dos Estados-membros da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), da qual a Gâmbia é membro e atualmente presidida por Bissau, decidiram criar uma força regional para intervir no caso de um golpe, expressando a sua preocupação com o efeito de contágio dos golpes de Estado.

A eleição surpresa de Adama Barrow como Presidente, em janeiro de 2017, pôs fim a duas décadas de governo autocrático neste pequeno e pobre país, com dois milhões de habitantes.

Barrow ganhou um segundo mandato por uma larga margem em dezembro de 2021, numa eleição presidencial que marcou a primeira transição aberta na antiga colónia britânica desde a ditadura.