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"Há ainda muito a fazer" pelas infraestruturas angolanas, diz especialista alemã

Maria João Pinto15 de janeiro de 2014

A necessidade de reparar os "estragos" causados pela guerra civil continua a ser o grande obstáculo à modernização das infraestruturas angolanas. Quem o diz é Inge Hackenbroch, da Germany Trade and Invest.

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Com Angola em vista como um dos destinos do investimento alemão, a Germany Trade and Invest (GTAI), a agência de desenvolvimento económico da Alemanha, aponta ainda a burocracia e os atrasos no cumprimento de prazos como alguns dos desafios que os investidores têm de enfrentar.

As infraestruturas de transportes e fornecimento de água e energia estão na mira da agência alemã, que acaba de publicar mais um relatório sobre estas questões, frisando que ainda "há muito a fazer em Angola".

Um desafio: as consequências da guerra civil

Inge Hackenbroch é a responsável da instituição pela publicação de estudos sobre o país lusófono e explica que "os últimos relatórios sobre Angola falam das infraestruturas, porque a indústria alemã tem aqui oportunidades para fornecer equipamento". "Ainda há a necessidade de fazer muitas reparações às infraestruturas que foram destruídas durante a guerra civil. Só há cerca de 11 anos se começaram a reparar as estradas, caminhos-de-ferro e portos. Ainda há muito a fazer. Um desafio muito específico são as minas que ainda se encontram no solo", refere.

As minas, de acordo com a especialista, atrasam as construções e ainda prejudicam o desenvolvimento da agricultura. Mas os problemas para quem quer investir em Angola não se ficam por aqui. "A burocracia é bastante pesada", frisa a analista, explicando que "os processos de decisão são muito morosos. Para conseguir um contrato, com uma empresa de construção ou um fornecedor, é preciso ter bons contactos no governo. Porque, apesar de os processos para o Banco Mundial ou outras organizações internacionais seguirem regras muito restritas, as regras podem ser contornadas e pode haver corrupção".

Ainda assim, diz a especialista, Angola tem apresentado progressos na área da modernização de infraestruturas, apesar da lentidão dos avanços. De acordo com Inge Hackenbroch, nem sempre todo o orçamento planeado pelo governo nesta área é gasto, devido aos atrasos nos processos.

Inge Hackenbroch Expertin GTAI
Inge HackenbrochFoto: Inge Hackenbroch

Governo deverá distribuir melhor a riqueza

Importante, dizem ainda os relatórios da organização sobre o país africano, é a necessidade de o governo cumprir o compromisso assumido com a população, de melhorar a distribuição dos frutos do crescimento angolano. Hackenbroch considera que "o Governo sabe que é importante e irá tentar cumpri-lo, porque a população já não está tão calma, o Executivo não pode fazer tudo sem que o povo faça exigências. As vozes que fazem exigências estão a falar cada vez mais alto. A situação da população não mudou muito, apesar de Angola ter apresentado taxas de crescimento elevadas nos últimos anos".

E a provar a vontade do governo de José Eduardo dos Santos de cumprir este compromisso, está, segundo a German Trade and Invest, o investimento previsto nos setores da água e da energia. Até 2017, diz um relatório da agência, o Governo angolano pretende, por exemplo, assegurar o fornecimento de água a 80% da população das áreas rurais e a 100%, nas áreas urbanas.

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Um objectivo ambicioso, tal como acontece na maioria dos países africanos, nas palavras da especialista: "as ambições do governo nunca são completamente preenchidas. Mas têm de tentar. Eu olhei para os números, também para os dados publicados por organizações internacionais, e o progresso não é muito elevado. Só daqui a vários anos veremos melhorias reais no nível de vida dos angolanos. Mas está na agenda".

Grande parte do orçamento angolano para este ano, diz Inge Hackenbroch, destina-se a “objetivos de desenvolvimento social”. Em Angola, de acordo com a agência econômica alemã, só o sector da energia deverá receber um investimento de 23 mil milhões de dólares até 2017. Uma previsão que alimenta a esperança do sector industrial alemão, que vê no desenvolvimento das infraestruturas angolanas oportunidades de mercado. A juntar-se à lista de desafios para estes investidores, lembra ainda a German Trade and Invest, estão ainda a barreira da língua e a competição com os restantes mercados europeus e a China.

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