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Igreja Católica, União Africana e Nações Unidas querem guineenses a dialogar

30 de outubro de 2012

A Guiné-Bissau vive novamente dias de instabilidade desde o passado dia 21, quando um comando, alegadamente liderado pelo capitão Pansau N'Tchama, atacou uma base militar. Entretanto multiplicam-se apelos ao diálogo.

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Foto: DW/Braima Darame

Ficou suspensa a conferência de imprensa do capitão, Pansau N'Tchamá detido desde sábado passado no Estado-Maior general das Forças Armadas. Inicialmente estava previsto que o militar acusado de ser o responsável do comando que atacou a base de Bissalanca, a 21 de outubro, falasse deste ataque que resultou em 6 mortos. Na segunda-feira (29.10) os jornalistas chegaram a ser convocados para ouvir declarações de Pansau N´Tchamá mas o encontro foi anulado. Esta terça-feira (30.10) voltaram a ser chamados por duas vezes e das duas vezes foram anuladas as declarações

Perante órgãos de comunicação social nacional e internacional, foi anunciada a decisão das chefias militares que o capitão, só irá pronunciar-se perante a justiça numa data a ser comunicada. Ainda no quartel militar os jornalistas assistiram acesas discussões entre algumas chefias militares e os soldados que pretendiam que Pansau N´Tchamá designasse os nomes das pessoas envolvidas naquilo que as autoridades apelidam de uma tentativa de contra golpe.

Quem detém de facto o poder na Guiné-Bissau são as chefias militares
Quem detém de facto o poder na Guiné-Bissau são as chefias militaresFoto: DW

Da porta principal das instalações do Estado-Maior General das Forças Armadas vigiada por um forte aparato militar, podia ver-se Pansau N´Tchamá sentado na cela onde se encontra detido, aparentemente bem-disposto e sem apresentar sinais de tortura.

Pansau N'Tchama quer falar?

Uma fonte militar que solicitou anonimato, disse que foi o próprio N´Tchamá quem pediu para revelar todos os mistérios à volta dos últimos acontecimentos, e chamar pelo nome algumas pessoas envolvidas, inclusive algumas chefias militares e políticos. A mesma fonte, adianta que os jornalistas não poderiam fazer perguntas relativamente ao alegado envolvimento do Capitão N´Tchamá na morte do antigo presidente, João Bernardo Vieira.

Todos falam de diálogo

Entretanto, no plano politico, o presidente de Transição, Serifo Nhamadjo, continua uma série de reuniões com os representantes das organizações internacionais acreditados em Bissau. Nesta terça-feira (30.10), Serifo Nhamadjo esteve reunido com o representante residente das Nações Unidas para a Guiné-Bissau, Joseph Mutaboba, que defende o diálogo como principal via para ultrapassar a crise interna no país. " O diálogo entre os guineenses é a solução para o país", disse.

Joseph Mutaboba, representante da ONU na Guiné-Bissau
Joseph Mutaboba, representante da ONU na Guiné-BissauFoto: DW

Questionado se os últimos acontecimentos, justifica o envio de uma força multinacional para o país, Mutaboba entende que ainda é cedo para falar do assunto. "Ainda não está em cima da mesa esta força".

A União Africana manifesta-se por seu lado muito preocupada com o evoluir da crise guineense, como revelou à imprensa Ovídeo Pequeno, enviado ao país. "A União Africana está preocupada com a situação atual da Guiné-Bissau e tem pedido que haja contenção. Que os processos decorram com normalidade para que se saiba a verdade dos acontecimentos", afirmou Ovídeo Pequeno, o primeiro de uma série de personalidades recebidas esta terca-feia (30.10) por Serifo Nhamadjo.

Já os líderes religiosos pretendem lançar uma campanha para promover o diálogo com vista a analisar as causas profundas da crise para poder criar uma base sólida com vista a estabilidade do país e abrir perspetivas futuras. "Dentro de 15 dias será lançada a iniciativa e a partir daí vai fazer-se a agenda de reflexão", disse hoje aos jornalistas o bispo de Bissau, José Camnaté Na Bissign, após uma audiência com o Presidente da República de transição, Serifo Nhamadjo. A iniciativa foi apresentada ao Presidente pelo bispo, que considerou como "preocupante" a situação que o país vive mas da qual é "possível sair se os guineenses se juntarem e dialogarem", disse.

Autor: Braima Daramé /Lusa
Edição: Helena Ferro de Gouveia / António Rocha

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