Igreja ortodoxa etíope e a sua luta pela sobrevivência
23 de dezembro de 2016Tambores e cânticos tradicionais marcam a preparação do natal dos cristãos etíopes em Jerusalém, Israel. Diferente dos católicos que seguem o calendário gregoriano com o natal no dia 25 de dezembro, esta pequena comunidade religiosa segue os ritos cristãos ortodoxos e por isso só festeja o Natal no dia 7 de janeiro, de acordo com o calendário juliano.
Em Jerusalém, é na rua Etiópia, que fica a maior igreja etíope no centro da cidade sagrada para judeus, cristãos e muçulmanos. Os outros dois templos etíopes e ortodoxos de África são bem mais modestos em Jerusalém, têm entradas estreitas, parecem sufocados pelas outras construções: uma das igrejas fica na porta de entrada do Santo Sepulcro, na cidade velha e o outro pequeno templo fica em uma rua cheia de discotecas.
É na rua Etiópia que muita gente vem para ficar ao redor da igreja, só para ter um momento de tranquilidade e lembrar dos costumes etíopes que ficaram a milhares de quilómetros de Jerusalém. A administradora de restaurantes, Sirgut Tsigie, afirma que é emocionante participar das celebrações em plena Jerusalém: "É um lugar muito especial, Jesus nasceu e cresceu aqui. É muito lindo para mim poder presenciar este lugar de perto."
Fé ao ritmo judaico
Apesar de distante, de uma certa forma a tradição etíope também faz parte da história da Terra Santa. A igreja da rua Etiópia tem formato circular com inspiração nos templos etíopes e reúne pinturas da rainha de Sabá. O lugar é cercado por árvores e casas de freiras e monges. O padre Nikodemus ou o Abá Nikodemus, como é conhecido, vive no local há 25 anos.
E ele confessa: "Eu sou feliz por viver, rezar e comer ao lado de tanta gente querida. Temos muitos problemas, mas nos juntamos, esquecemos das dificuldade ou tentamos resolvê-las juntos."
Ao entrar na igreja o cheiro do incenso toma conta do lugar, a luz refletida nas janelas sobre o chão rodeado de carpetes evidencia a espiritualidade.
Entretanto por estar em Israel há alguns desafios por se tratar de um país com leis judaicas. As principais celebrações, por exemplo, deveriam ser aos domingos, mas aqui são realizadas aos sábados, já que a maioria dos etíopes cristãos trabalha no ritmo dos judeus, e em Israel domingo é dia de trabalho. Como para tudo se dá um jeito, durante a semana, pequenos encontros lembram as tradições em grupos formados por cinco a 10 pessoas.