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ConflitosRuanda

Incursão militar ruandesa na RDC gera indignação

Zanem Nety | Jean Noël Ba-Mweze
22 de outubro de 2021

Autoridades congolesas confirmam incursão ruandesa na República Democrática do Congo. Civis relatam tiroteio entre militares dos dois países, e Parlamento congolês convoca ministro da Defesa para dar explicações.

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DRK Symbolbild FARDC
Foto ilustrativa de militar congolês no Kivu NorteFoto: Alain Wandimoyi/AFP

Após a incursão das tropas do Exército ruandês na segunda-feira (22.10) no território da República Democrática do Congo (RDC), residentes do Kivu do Norte estão a pedir providências às autoridades congolesas.

Integrantes das Forças de Defesa Ruandesas (RDF, na sigla em inglês) conseguiram entrar na RDC e ocupar seis aldeias no Kivu Norte, uma província de histórica instabilidade que tem estado sitiada há mais de seis meses.

Homens armados fizeram a incursão na RDC e foram identificados como soldados ruandeses, segundo fontes oficiais congolesas. Em Kibumba, os residentes que testemunharam o tiroteio, como Arsène Kenzire, lamentaram a ausência de militares suficientes na fronteira para se opor à incursão.

Kenzire disse à equipa reportagem da DW África que, apesar da "falta de pessoal", militares congoleses conseguiram capturar soldados ruandeses.

"Foi aqui que a troca de tiros entre estes dois exércitos começou. O que é grave é que as Forças Armadas da República Democrática do Congo (FARDC) tinham falta de pessoal, retiraram-se e deixaram o terreno para os soldados ruandeses", diz o residente de Kibumba.

DRK Symbolbild FARDC
Residentes reclamam de falta de efetivo na fronteiraFoto: Alain Wandimoyi/AFP

Província sitiada

Para a população, é difícil compreender como pode ocorrer a incursão de um Exército estrangeiro numa província sitiada.

Para Josué Walayi, residente de Nyiragongo, o incidente é antes de tudo uma humilhação.

"É uma humilhação grave. O Governo deve dizer-nos qual é o verdadeiro objetivo do estado de sítio. Estamos a compreender que não é realmente o objetivo de trazer de volta a paz ao Kivu Norte. Desde que o estado de sítio começou, não temos visto qualquer progresso", reclama.

Para enfrentar este tipo de incidente e o desafio de garantir e restaurar a autoridade estatal, o deputado Juvénal Munubo, membro da Comissão de Defesa e segurança da Assembleia Nacional, recomenda o reforço do exército congolês.

DR Kongo Beerdigung von Etienne Tshisekedi
Presidente do Ruanda, Paul Kagame, com o Presidente congolês Félix Tshisekedi em 2019Foto: Presidence RDC

Tropas desmotivada

Mnundo sugere que é necessário continuar com o recrutamento dentro das FARDC porque os desafios são imensos para a segurança da RDC.

"Devemos encorajar os jovens a aderir efetivamente às FARDC. Mas há um problema com a supervisão daqueles que já se encontram nas FARDC. Existe um problema de motivação que não facilita a tarefa de recrutamento", explica o parlamentar.

Estes problemas não são novos. E esta não é a primeira vez que este tipo de incursão militar em solo congolês é relatada. Para garantir respeito pela integridade do território nacional, Juvénal Munubo propõe agilização da reforma das FARDC.

"Podemos fazê-lo reforçando a diplomacia, devemos ter uma diplomacia que se imponha e nos faça respeitar na regiã", sugere o deputado.

Para o parlamentar reforçar a vigilância das fronteiras e modernizar a administração das fronteiras com equipamentos apropriados é outra medida importante. "Devemos obviamente lutar contra a corrupção dos agentes nos postos fronteiriços", salienta.

O ministro da Defesa da RDC, Gilbert Kabanda, terá de se explicar sobre o incidente aos deputados congoleses. O deputado Jackson Ausse apresentou esta terça-feira (19.10) um pedido ao gabinete da Assembleia Nacional para que Kabanda seja questionado.

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