Inhambane aceita mal medidas de contenção da Covid-19
15 de maio de 2020Com a entrada em vigor do estado de emergência em Moçambique, para conter a pandemia causada pelo novo coronavírus, a população é obrigada, por decreto, a usar máscaras em locais públicos e manter o distanciamento físico de, pelo menos, um metro e meio.
As medidas não estão a ser cumpridas nas embarcações que fazem a ligação marítima entre Inhambane e Maxixe. Isaías Alberto, um dos utentes, lamenta a situação e diz ter medo de contrair a doença. "A contaminação ainda existe, porque às vezes tocamos uns nos outros e depois de desembarcar já não lavamos as mãos para desinfetar. É bem possível sair daqui e acabar por na boca ou no nariz".
Paulo Matsinhe, outro utente, revela que as pessoas nas embarcações e transportes públicos tiram as máscaras no meio da viagem. Matsinhe isso pede mais controlos por parte das autoridades. "Tem que haver uma fiscalização, porque,alguns põem a máscara e outros não. Cada um faz o que quer. Eu acho que é da competência das autoridades fiscalizar e dar orientações".
Mais esclarecimento, precisa-se
Carlos de Sousa, residente de Inhambane, afirma que a prioridade neste momento devia ser da vida das pessoas e depois os negócios. Refere a situação especialmente nos transportes públicos e nas embarcações. "Podemos dizer que existe controlo, mas ainda não é eficiente no meu entender. As autoridades podiam intervir no número de bilhetes que são vendidos".
Questionado pela imprensa sobre o não cumprimento das medidas decretadas pelas autoridades, Anselmo Bie, porta-voz da empresa Transmarítima em Inhambane, disse que a população e os marinheiros carecem de orientação. "Há passageiros que tiram máscaras no meio da travessia. Em alguns casos, tivemos penalizar quem infringe as normas da travessia ou de prevenção da Covid-19".
Falhas no controlo de quem regressa da África do Sul
Nas últimas semanas, a província de Inhambane registou um aumento de cidadãos que regressaram da África do Sul, onde estavam a trabalhar. A maioria atravessou a fronteira sem passar pelos centros de controlo da nova pandemia. Muitos recusam a submeter-se a testes, por recearem ser positivos.
O governador de Inhambane, Daniel Chapo, diz estar preocupado com a situação. Por isso, foram mobilizados os líderes tradicionais e outros agentes para identificar os que chegam na região de maneira clandestina. "É uma estrutura que nos ajuda a fazer o controlo desses nossos irmãos que vêm da África do Sul de forma clandestina. Nós temos conseguido detetar os que chegam à nossa província, e temos obrigado estas pessoas a manter a quarentena".
Na província de Inhambane há um primeiro caso de um jovem infetado pelo coronavírus na África do Sul. No regresso, segundo as autoridades da saúde, teve contato com mais de 18 pessoas que estão a ser identificadas e mapeadas para melhor acompanhamento da evolução da doença.