Inhambane: Dificuldades no envio doações às vítimas do Idai
5 de abril de 2019Vários movimentos de solidariedade ao nível da província moçambicana de Inhambane envolveram-se nas campanhas de recolha de donativos para as vítimas do ciclone Idai, que afetou o centro de Moçambique. Mas existem poucos transportes para levar as ajudas recolhidas até às pessoas que neste momento estão muito carenciadas.
As doações têm sido entregues ao Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), uma instituição que recentemente foi muito criticada devido a relatos sobre desvios das ajudas, situação que em conferência de imprensa na última terça-feira a própria secretária-geral da instituição, Augusta Maita, admitiu existir.
Paulino Raimundo, representante do Movimento Kuvunana e Vilankulo Solidário, disse à DW África que queriam fazer a entrega diretamente das ajudas recolhidas, como produtos alimentares não perecíveis, vestuários e outros. Porém, com a falta de transporte foram obrigados a entregar as doações ao Governo.
"Queremos deixar bem patente a nossa solidariedade para com os nossos irmãos que neste momento estão a necessitar de tudo. Na verdade queríamos ir pessoalmente à cidade da Beira para fazermos a entrega das ajudas, mas devido a falta de transporte neste momento fomos obrigados a deixar tudo nas mãos do INGC".
Por seu turno, Emerson Edgar, do movimento "Jovens Solidários” e do Conselho Distrital da Juventude em Inharrime, revelou à reportagem da DW que vários jovens já estavam prontos para se deslocarem à província de Sofala para a entrega dos donativos recolhidos pela agremiação, mas também não teve condições logísticas para isso. Por isso, também teve de entregar ao Governo as doações.
Mais ajuda
Entretanto, para Tomé Mabasso, porta-voz do INGC em Inhambane, a solidariedade ainda continua a chegar e é necessário mostrar a união entre os moçambicanos, mas não avançou detalhes sobre como efetuar o transporte das ajudas até às vítimas do ciclone.
"A população está muito solidaria. Neste momento há um grupo de jovens residentes aqui em Vilankulo que estão a angariar fundos e apoios para a população da província de Sofala. É preciso de facto mostrar que a população da Beira não esta sozinha".
Transparência
Por causa das denúncias de desvio de doações, o Parlamento moçambicano aprovou na quarta-feira a criação de um grupo de trabalho formado por deputados para avaliar a transparência na assistência às vítimas do ciclone Idai no centro do país.
A medida foi aprovada por requerimento da bancada da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), principal partido da oposição, à direção do Parlamento, na sequência de alegações de falta de transparência na distribuição da ajuda às vítimas do ciclone.
O número de pessoas afetadas pelo ciclone Idai e pelas cheias em Moçambique subiu para 1,4 milhões, segundo os dados atualizados esta quinta-feira pelas autoridades moçambicanas. A atualização mantém o número de mortos em 598 e o total de feridos em 1.641.
O grupo de pessoas afetadas inclui todas aquelas que necessitam de algum tipo de assistência, que podem ter pedido casas ou necessitar de alimentos.