Interesses japoneses e Boko Haram nas páginas sobre África
7 de junho de 2013
"O Japão pretende apoiar o desenvolvimento de África, ao longo dos próximos cinco anos, com 140 mil milhões de yen, cerca de 10,7 mil milhões de euros”, escreve o semanário alemão Die Zeit. Foi o que anunciou o primeiro ministro japonês, Shinzo Abe, este sábado (01.06.), perante representantes de 51 países africanos.
Por três dias, chefes de Estado e Governo bem como outras figuras africanas de alto nível estiveram reunidos na V Conferência Internacional de Tóquio sobre o Desenvolvimento de África, TICAD. Com a iniciativa, o Japão esforça-se por fortalecer as suas relações com o continente e, segundo o Die Zeit, deixar o papel de doador para assumir o de parceiro de negócios.
‘Abenomics’ e os interesses nipónicos em África
Desde que a TICAD foi criada, há 20 anos, “a relação entre o Japão e África mudou claramente”, disse ainda Abe, citado pelo Neue Zürcher Zeitung (4.06.). “Abenomics” é o programa de revitalização da economia japonesa e, segundo o próprio Abe, não se trata apenas de empreendimentos internos. No que toca a África, “ são sobretudo os recursos naturais que estão no foco de Tóquio”: terras raras, petróleo, gás.
Como se lê na edição desta segunda-feira (03.06.) do Frankfurter Allgemeine Zeitung, a política externa de Abe, desde a sua tomada de posse em dezembro passado, tem dois principais objetivos: “assegurar as exportações e diminuir a influência da China”. Diplomacia económica é, portanto, “o cerne do ‘abenomics’“.
Boko Haram, o grupo proibido
Esta terça-feira, a Nigéria ilegalizou o grupo Boko Haram, considerando tratar-se de um movimento terrorista. Qualquer atividade sua – mas também do grupo Ansaru – “será punida, a partir de agora, com penas de, pelo menos, vinte anos de prisão”, segundo o presidente do país, Goodluck Jonathan, citado pelo Frankfurter Allgemeine Zeitung. De acordo com o diário alemão, 49 membros do grupo islamista foram agora detidos.
Já na segunda-feira, os Estados Unidos tinham classificado de terrorista o líder do Boko Haram, Abubakar Shekau, e ofereceram milhões de dólares pela captura deste e de outros chefes de grupos terroristas da região, lembra o Frankfurter Allgemeine Zeitung. O grupo procurado por Washington inclui ainda o argelino Mokhtar Belmokhtar que dirige o braço da Al-Qaida que se identifica como "Aqueles que assinam com sangue" bem como o porta-voz do “Movimento para a Unidade e Jihad na África Ocidental” e dois líderes militares da Al-Qaida no Magrebe Islâmico.
Quanto a Shekau, foi sob a sua chefia “que, em 2011, o Boko Haram atacou um edifício da ONU em Abuja”, continua o artigo do diário de Frankfurt. No atentado morreram mais de vinte pessoas.
Ao todo, trata-se de até 23 milhões de dólares, calcula o Neue Zürcher Zeitung. A localização de Shekau, assim se lê num artigo desta quarta-feira (05.06.), deverá render a quantia máxima: até sete milhões de dólares.