Invasão do Capitólio: Um ano depois, polarização continua
5 de janeiro de 2022A 6 de janeiro de 2021, uma multidão invadiu o Capitólio no momento em que os congressistas estavam a certificar o resultado das eleições presidenciais de novembro de 2020 e a vitória do atual Presidente, o democrata Joe Biden. O ataque resultou em cinco mortes, 140 polícias feridos e centenas de processos judiciais.
Um ano depois, a polarização política no país continua.
Na quinta-feira (06.01), o Presidente Joe Biden vai proferir um discurso abordando o "significado histórico" do evento. Também a vice-presidente Kamala Harris falará ao país e o Congresso realizará uma vigília de oração. Já o ex-Presidente Donald Trum cancelou a conferência de imprensa que planeava para amanhã.
Para esta quarta-feira (05.01), um dia antes da invasão completar um ano, está prevista uma declaração do Procurador-geral dos EUA, Merrick Garland, sobre os esforços do Departamento de Justiça para investigar e processar os responsáveis pelos acontecimentos caracterizados a nível mundial como "um ataque à democracia".
Em conferência de imprensa realizada nesta terça-feira (04.01), o chefe da Polícia do Capitólio na comissão de inquérito do Congresso dos EUA, Tom Manger, diz que a corporaçãoestá agora mais preparada do que antes.
"A Polícia de Capitólio dos Estados Unidos, como organização, é mais forte e melhor preparada para cumprir a sua missão hoje do que antes de 6 de janeiro do ano passado," afirma.
"O departamento iniciou um trabalho significativo imediatamente após o dia 6 para corrigir as falhas que ocorreram: falhas de inteligência, falhas de planeamento operacional, falhas de liderança. A única coisa que não falhou nesse dia foi a coragem e determinação dos homens e mulheres da Polícia do Capitólio dos Estados Unidos", avalia.
Desafio à democracia
A invasão da sede do Congresso norte-americano aconteceu algumas horas depois do então Presidente e candidato à reeleição, Donald Trump, se ter dirigido a uma multidão composta por milhares de apoiantes, durante um comício realizado nas imediações da Casa Branca.
Trump defendeu que estes nunca deveriam aceitar uma derrota, numa referência aos resultados das presidenciais de novembro de 2020.
Suzanne Spaulding, diretora de uma instituição de defesa democrática, diz que Trump foi longe demais.
"Trump foi longe demais. Mas mesmo assim, dias depois, continuou a ter o controlo sobre o Partido Republicano que foi enganado, continuou a estar numa posição de ameaça e a impôr um desafio primordial para os membros do partido que ousaram estabelecer distância entre si e Trump", considera.
Manipular a massa
Alguns meios de comunicação social da direita radical, movimentos da teoria de conspiração e grupos neofascistas acreditavam na chamada "grande mentira" de que Donald Trump foi o vencedor daquelas eleições e que tinha sido roubado.
"Parece claro que a forma como os meios de comunicação social são estruturados, incentivam certos tipos de comportamentos, certos tipos de atitudes e certos tipos de procura de informação", critica a reitora da Escola de Jornalismo e Comunicação da Universidade de Oregon, Regina Lawrence.
Os acontecimentos ocorridos a 06 de janeiro de 2021 ficaram marcados pela morte de cinco pessoas e mais de 140 polícias agredidos por uma multidão composta por apoiantes do ex-Presidente norte-americano Donald Trump.