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Israel cancela pacto de transferência de migrantes africanos

Alexander Fritsch | tms | Reuters | EFE | AFP | Lusa
3 de abril de 2018

O primeiro-ministro israelita anunciou a suspensão do pacto um dia depois de chegar a acordo com a ONU. Estava previsto o envio de pelo menos 16 mil refugiados africanos para países do ocidente, como a Alemanha.

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Migrantes africanos protestaram em fevereiro contra a deportação anunciada pelo Governo israelitaFoto: picture-alliance/AP/T. Abayov

Israel suspendeu esta terça-feira (03.04) o acordo de transferência de migrantes africanos estabelecido com as Nações Unidas e anunciado na segunda-feira (02.04) pelo primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu. O líder do Governo israelita disse que vai consultar melhor os termos do acordo após a pressão de grupos de direita no país.

Há pelo menos 35 mil migrantes ameaçados de deportação em Israel. A maioria deles são eritreus e sudaneses. Alguns vivem há pelos menos 10 anos no país, onde trabalham ilegalmente. Eles dizem fugir da violência e perseguição nos seus países de origem.

Mas o Governo israelita quer mandá-los embora e deu-lhes três opções: deixar o país voluntariamente, ir para a prisão ou a deportação para países africanos, como o Ruanda. Uma escolha difícil para os migrantes. "Se estas forem as opções, prefiro ir para a prisão. Pelo menos lá estarei seguro", disse um refugiado à emissora alemã ZDF.

Israel cancela pacto de transferência de migrantes africanos

Acordo com ONU

Vários israelitas e apoiantes fora do país condenaram o plano e classificaram a medida como deportação em massa antiética. As críticas fizeram com que o primeiro-ministro procurasse a ajuda do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR), com quem firmou um acordo de transferência.

Na segunda-feira, Benjamin Netanyahu anunciou que "16.250 migrantes vão ser enviados para países como o Canadá, Alemanha ou Itália, alguns dos países mais desenvolvidos do mundo", e ressaltou que "este é o compromisso do Alto Comissariado da ONU".

Entretanto, este plano foi duramente criticado pelos grupos de direita em Israel, que dizem que o acordo permitirá que muitos migrantes africanos permaneçam no país. Este parece ser o moitivo da suspensão do pacto horas depois do seu anúncio.

Benjamin Netanjahu
Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de IsraelFoto: picture-alliance/dpa/Jinipix/XinHua

A medida levou migrantes africanos e ativistas israelitas a protestarem do lado de fora do gabinete do primeiro-ministro, em Jerusalém. Para Bahani Negasi, migrante de Eritreia, o "Governo de Israel está andar em zigue-zague". "Ontem pensamos ter um acordo, agora  já se fala em cancelar este acordo. Eu já não sei o que é preciso", protestou o cidadão eritreu.

A ativista Veronica Cohen também questionou a atitude do primeiro-minsitro. "Nos últimos seis anos, tenho pensado na questão dos requerentes de asilo e nos últimos dois meses evitar esta deportação tornou-se algo urgente. Não podemos acreditar que o primeiro-ministro realmente voltou atrás nas suas palavras".

ACNUR espera que Israel volte atrás

Um porta-voz do Alto-Comissariado da ONU para os Refugiados afirmou à agência de notícias France Press que a organização espera que Israel "reconsidere em breve" a sua decisão de anular o acordo.

Entretanto, ainda é incerto se o plano da ONU dará certo. A Alemanha e a Itália, que foram citados como possíveis destinos para os migrantes deportados, fortam supreendidos pelo anúncio do primeiro-ministro israelita. Ambos dizem que não foram consultados. No entanto, o Ministério do Interior alemão ressaltou que Berlim sempre respeitou as suas obrigações humanitárias.