Bemba anuncia candidatura às eleições presidenciais na RDC
25 de julho de 2018O ex-vice-Presidente da República Democrática Congo (RDC) Jean-Pierre Bemba anunciou que vai regressar ao país a 1 de agosto e apresentar-se como candidato da oposição às eleições presidenciais de 23 de dezembro.
O ex-empresário que se tornou senhor da guerra foi absolvido de crimes contra a humanidade pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) em junho. Bemba passou mais de uma década na prisão após ser condenado em primeira instância em 2016 a 18 anos de prisão pelos assassinatos, violações e saques cometidos na República Centro-Africana pela milícia que comandou entre outubro de 2002 e março de 2003.
"Os dez anos que eu passei no TPI fizeram-me refletir e permitiram-me manter o contato quotidiano, através do meu partido e dos atores políticos que eu encontrei em Haia, com as dificuldades que o meu país passou todos esses anos", disse.
Em entrevista à DW África, de Bruxelas, onde aguarda regressar ao país-natal com a sua família, Bemba afirmou que a primeira coisa a fazer quando chegar à capital Kinshasa será registar a sua candidatura junto da Comissão Nacional Eleitoral Independente (CENI).
O membro do partido Movimento para a Libertação do Congo (MLC) acredita ser o melhor candidato para representar a oposição. "Eu desejo a unidade da oposição. Se queremos uma mudança no país e um novo regime, temos de buscar a unidade e ter apenas um candidato ao nível da oposição. Se não for eu, eu apoiaria o candidato que será designado pela oposição", sublinhou.
Disputa eleitoral
Bemba diz que, se for eleito, quer investir em infraestrutura e estabelecer cooperação econonómica com outros países. O ex-vice-Presidente critica as más condições das unidades de saúde, problemas nas estradas e o alto índice de analfabetismo no país.
"Há um contraste real entre todo o louvor que o Presidente da República evoca para os seus feitos com a miséria da população e o que o povo congolês vive diariamente", diz.
"Eu tenho alguma experiência ao nível nacional, na gestão da segurança e na gestão dos assuntos do Estado enquanto vice-Presidente. Vou apresentar publicamente um programa que fala da minha visão económica, social, educacional, ecológica e de saúde, quando chegar a hora. Não irei de mãos vazias do ponto de vista da minha visão", acrescenta o ex-vice-presidente.
O Presidente congolês, Joseph Kabila, ainda não se manifestou sobre uma possível candidatura, mas garantiu que as eleições serão realizadas.
"Eu reafirmo que daqui em diante as eleições na RDC serão uma questão de soberania e serão inteiramente financiadas pelo Estado congolês. O curso das terceiras consultas eleitorais programadas para dezembro próximo permanece. E o nosso compromisso com a Constituição continua inequívoco", declarou na semana passada.
A RDC está sob pressão internacional para garantir uma eleição justa, sob o receio de que Joseph Kabila, no poder desde 2001, tente candidatar-se a um terceiro mandato, mesmo à revelia da Constituição.
Em 2016, Kabila manteve-se no cargo mesmo após o fim do seu segundo mandato. As autoridades justificaram com dificuldades na preparação das eleições devido à instabilidade política.