João Lourenço nega divisões no MPLA
17 de março de 2018O Presidente de Angola e vice-presidente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), João Lourenço, negou este sábado (17.03) que exista divisão no seio do partido no poder em Angola. O chefe do Executivo angolano negou que uma divisão entre "supostos eduardistas e lourencistas", garantindo que existem apenas militantes do MPLA.
"Isso não existe no nosso seio, só há mempelistas, porque todos defendemos o MPLA e as suas causas. Só há patriotas angolanos, porque todos defendemos a causa de Angola e dos angolanos", afirmou João Lourenço na abertura II Reunião Metodológica Nacional sobre a Organização do Trabalho do Partido.
O dirigente do MPLA referia-se à "ideia criada e difundida" recentemente em alguns círculos da sociedade angolana com o objetivo de "dividir" os militantes do partido. "Ao longo da sua história, o MPLA enfrentou e ultrapassou momentos difíceis. Em alguns casos teve cisões que o enfraqueceram, mas soube sempre evitar consequências piores".
João Lourenço defendeu que "sempre que possível" se trabalhe com antecipação para que a união do partido seja preservada. "Isto é uma preocupação que deve ser permanente, porque acredito que, dentro e fora, sempre houve quem estivesse interessado em corroer o partido, para que não cumpra com a sua missão histórica", declarou.
O chefe de Estado angolano também defendeu o reforço do combate às "más condutas, ao desrespeito aos princípio e valores" do partido, assim como o fortalecimento das estruturas da organização política. O Presidente de Angola sublinhou que os princípios e valores do MPLA são caracterizados por "insuficiências na organização e gestão, nas distintas áreas de especialização e na excessiva burocratização do aparelho central e auxiliar".
No discurso, apelou a uma maior proximidade dos dirigentes às comunidades e a uma maior inserção do partido na sociedade. Segundo João Lourenço, é o momento de o partido dar início ao trabalho para preparar os seus quadros para o "grande desafio" que tem pela frente, com a realização das primeiras eleições autárquicas no país.
Fim próximo?
No poder desde 1975 em Angola, o MPLA tem reforçado nos últimos tempos os apelos de união na formação política, numa altura em que vários círculos da sociedade angolana, incluindo militantes do próprio partido, têm criticado abertamente uma alegada bicefalia entre João Lourenço e José Eduardo dos Santos, líder da organização política desde 1979.
Na reunião ordinária do Comité Central realizada esta sexta-feira, José Eduardo dos Santos propôs a realização de um congresso extraordinário para dezembro de 2018 ou abril de 2019. O ex-presidente de Angola tinha anunciado, entretanto, que deixaria a vida política ativa este ano.
Sobre a proposta apresentada, os participantes ao encontro decidiram que vão ser realizadas duas reuniões, a primeira em abril deste ano pelo Bureau Político, e a segunda em maio pelo Comité Central para refletirem sobre a realização do congresso extraordinário e a transição política da presidência do MPLA.
Dos Santos, que não dá sinais de querer abandonar a liderança do partido no poder, disse que pretende empenhar-se "pessoalmente” no grupo de trabalho que este ano vai "preparar a estratégia” do MPLA para as primeiras eleições autárquicas: "Assim, recomendo, por ser mais prudente, que a realização do congresso extraordinário do partido, que vai resolver a liderança do MPLA, seja em dezembro de 2018 ou abril de 2019”.