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Jonas Savimbi: 15 anos à espera de "funeral condigno"

Anselmo Vieira (Lubango) | Lusa
22 de fevereiro de 2017

O fundador do maior partido da oposição angolana morreu há 15 anos, em combate, no Moxico. Familiares e dirigentes da UNITA voltam a pedir ao Governo os restos mortais de Savimbi para o enterro na sua aldeia natal.

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Foto: Getty Images/Keystone

Jonas Malheiro Savimbi, que fundou a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), em 1966, morreu aos 67 anos, a 22 de fevereiro de 2002, numa ofensiva das tropas governamentais. Logo após a sua morte em combate, foi sepultado no cemitério de Luena, na província do Moxico, a leste de Angola.

A família e a direção da UNITA continuam a aguardar que o poder em Luanda autorize a transladação do corpo do guerrilheiro para a aldeia de Lopitanga, município do Andulo, na província do Bié, onde repousam os pais. O pedido para a entrega do corpo já se arrasta há 15 anos.

22.02 Jonas Savimbi (edit) - MP3-Stereo

Há dois anos, o líder da UNITA, Isaías Samakuva, encontrou-se com o Presidente da República, José Eduardo dos Santos.

Na altura, as autoridades angolanas mostraram-se receptivas e foi criada uma comissão dirigida pelo Ministério do Interior, com a tarefa de dialogar  com a família Savimbi e a direção do partido do galo negro para que o processo da restituição dos restos mortais tenha seja solucionado.

Funeral condigno

A entrega dos restos mortais de Jonas Savimbi para que a família possa realizar um "funeral condigno" é um "direito inquestionável", frisa o secretário da UNITA na província da Huíla, Alcibíades Sebastião Elavoko Kopumi. "A UNITA e a família estão no direito e no dever de o fazer", diz.

Angola Rafael Massanga Savimbi
Rafael Massanga Savimbi, filho do fundador da UNITAFoto: DW/A. Vieira

Segundo a UNITA, o processo de exumação está parado porque ainda é preciso desminar o cemitério que deverá receber os restos mortais do fundador do partido. "A aldeia natal do doutor Savimbi foi minada, os túmulos dos seus antepassados foram profanados, passaram com tanques (de guerra) por cima", conta Alcibíades Kopumi.

Rafael Massanga Sakaita Savimbi, um dos filhos de Jonas Savimbi e secretário-geral adjunto da UNITA, num encontro com militantes, simpatizantes e amigos na cidade do Lubango, em dezembro, sublinhou deve haver um maior empenho por parte das pessoas envolvidas no processo das exéquias.

A DW África procurou, sem sucesso, ouvir o Ministério do Interior de Angola.

"Profecias" de Savimbi

Quinze anos após a morte de Jonas Savimbi, a UNITA afirma que tem condições para chegar este ano ao poder em Angola, nas eleições gerais previstas para agosto.

Angola Isaias Samakuva UNITA
Isaías Samaukva, líder da UNITAFoto: DW/A. Vieira

O presidente do partido, Isaías Samakuva, diz que as "profecias" do fundador sobre o país cumpriram-se. "Todos os ensinamentos que o doutor Savimbi  nos deixou, e todas as suas profecias, posso chamar assim, são vivenciadas agora, falavam de situações que acontecem agora", declarou.

"De um país que tem potencialidades enormes e é incapaz de facultar aos seus cidadãos uma vida condigna, aquilo que é de básico para a vida de qualquer pessoa", disse à agência de notícias Lusa o líder da UNITA.

Samakuva lidera a UNITA desde 2003 e como presidente deverá liderar a lista do partido às eleições gerais de agosto. Pela frente terá João Lourenço, vice-presidente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), o único partido que já oficializou as suas listas de candidatos às próximas eleições.