Jornalista André Mussamo é o novo presidente do MISA-Angola
21 de março de 2020André Mussamo foi eleito com mais de 80% dos votos para ocupar a presidência do Instituto para a Comunicação Social da África Austral (MISA) de Angola. O jornalista de O País, tem a missão de revitalizar a organização quase moribunda e que precisa de recuperar a credibilidade em Angola e na região. Uma das suas metas é implementar o que chama de "alerta nacional". Isso passa por fazer com que o "MISA-Luanda" desapareça.
"Instituirmos uma comissão de alerta nacional que é uma das missões do MISA. Vamos estabelecer este órgão integrando todos os pontos focais em todas as províncias do país para estarmos em alerta, estarmos em atenção para tudo o que eventualmente venha a beliscar aquilo que é a nossa bandeira: a defesa da liberdade de expressão e da liberdade de opinião. Esperamos bater à porta de doadores, de instituições para manter esse órgão funcional e comunicativo," declarou o novo presidente do MISA-Angola.
No passado dia 14 deste mês de março, um grupo de advogados marchou nas ruas das capitais províncias do país para repudiar a violação dos seus direitos por parte da polícia nacional. André Mussamo diz que o MISA-Angola pode seguir os mesmo caminho nos próximos tempos, caso continue a se registar limitação no exercício da atividade jornalística.
"Vimos recentemente atitude positiva institucional dos nossos advogados. Uma boa maneira de prevenir eventuais situações menos boas de classes sócio-profissionais é estarmos de alerta e conseguir nos comunicar com regularidade," defendeu Mussamo.
Tarefas pela frente
Atualmente, a organização encontra-se sem sede. Esta é uma das tarefas da nova direção.
"Pegar no MISA e fazer dele um ente colectivo que possa ser contactado para a sua missão, que possa ser tido como parceiro ao nível da sociedade civil e ter relações instituídas com todos. E isso passará por instituirmos imediatamente, nem que seja no Musseque (zona periférica), um casebre e que vamos indicar aos membros e aos restantes parceiros o nosso endereço," revelou André Mussamo.
Ao nível do Conselho de Governadores serão estabelecidas regras para reuniões periódicas com vista a facilitar a comunicação "porque só assim poderemos ir redimindo, resolvendo problemas, trocando ideias e também dar luz a projetos - que é uma das poucas formas de sustentabilidade para uma organização como a nossa que não tem fundos próprios, não é financiada por fundos públicos".
"Então, teremos de ser engenhosos para conseguirmos os nossos próprios financiamentos," avaliou.
"Vamos tentar uma cultura de transparência porque as tecnologias permitem que prestemos contas, por via de páginas da Internet ou via de partilha de informação com os membros e outros interessados na esfera pública," acrescentou o novo presidente do órgão.
Para materialização deste fins, o novo presidente do MISA-Angola vai estabelecer pareceria com a sua congénere de Moçambique.
"Contamos, uma promessa que me foi feita pelo presidente do MISA-Moçambique, com a sua advocacia para, pouco a pouco, indo tentando ter algum contato," garantiu André Mussamo.
Prestação de contas
A assembleia extraordinária contou com pouco menos de 13 membros efetivos. Na reunião deste sábado, a direção cessante não se fez presente. Zinilda Volola, membro da organização, instou a direção cessante a prestar contas.
"Se quisermos, de facto, fazer caminhar o barco com alguma transparência é fundamental que a direção cessante apresente o relatório de contas. É um principio que os estatutos também prevêem e penso que, neste capítulo, ficamos preocupados com esta ausência da direção cessante em termos de colaboração," criticou.
Este sábado, Angola confirmou a existência de dois casos de coronavirus. Ainda assim, Volola é de opinião que isso não pode ser motivo que justifique a não presença de Alexandre Neto e os seus auxiliares.
"Sabe-se que o país está a viver um momento dificil em relação à saúde. Mas se todos nós estamos aqui a fazer um esforço titânico, a direção cessante poderia muito bem estar aqui, salvo o erro de não terem sido comunicados,. Não acredito que seja esse o motivo. Mas acredito que, nos próximos passos, vamos procurar interagir num espírito de irmandade com a direção cessante a fim de fazerem-se pressentes para apresentação do relatório de contas," acrescentou.
Recuperação da credibilidade
Nsiona Casimiro, considerado o decano do jornalismo de Angola, diz que, com a realização desta assembleia, o objetivo da comissão dinamizadora foi cumprido.
"Agora vamos ver a prática dos eleitos depois da sua tomada de posse," afirmou .
O jornalista espera que atual direção devolva a credibilidade que o MISA-Angola perdeu na região.
"Esperamos que se coloque em prática as decisões que tomaram, que resultam da análise da paralisação a que a organização tinha chegado e o desprestígio dela dentro e fora do país. São questões funcionais em relação aos alertas sobre violação de liberdade de opinião, de imprensa e expressão que são a razão pelo qual se institui o MISA na região," concluiu.
A tomada de posse dos novos membros da direção do MISA-Angola, constituída pelo Conselho de Governadores, Mesa de Assembleia e Conselho Fiscal, dependerá do evoluir do novo coranavírus em Angola.