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Jornalistas moçambicanos queixam-se de discriminação

Arcénio Sebastião (Beira)11 de agosto de 2015

Na província de Sofala, centro de Moçambique, jornalistas do sector privado estão de costas voltadas com os órgãos públicos. Dizem não ter o mesmo acesso às fontes que os colegas dos meios de comunicação social estatais.

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Foto: DW / Helena Ferro de Gouveia

Além das dificuldades no acesso às fontes de informação em várias instituições do Estado, os jornalistas do sector privado acusam ainda estes órgãos de comunicação de terem criado o chamado "G40", um grupo de jornalistas e analistas com opiniões favoráveis ao partido no poder, alegadamente escolhidos pela Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO).

José Sebastião Jeco, do semanário Canal de Moçambique, disse à DW África que as relações do seu órgão com o Governo Provincial de Sofala não são saudáveis.

Mosambik Jose Sebastiao Jeco Journalist
José Sebastião Jeco, jornalista do Canal de MoçambiqueFoto: DW/A. Sebastiao

O jornalista diz que já tentou fazer várias entrevistas com dirigentes do sector público – sem sucesso. "Basta falar no Governo de Sofala que toda a gente muda logo de cara. Conta ainda que tratam os jornalistas do Canal de Moçambique "como se fossem um bicho de sete cabeças".

Este não é o único caso. Outro jornalista, Isaías Natel, do semanário "Magazine Independente", crítico em relação ao Governo, também acusa os órgãos oficiais de dificultar o acesso às fontes de informação aos repórteres independentes.

"As dificuldades acontecem sobretudo por parte dos elementos do Governo, que não têm abertura para com os jornalistas do sector independente porque são considerados críticos, sobretudo na investigação", explica o jornalista. "Eles não gostam desse tipo de jornalistas. Preferem trabalhar com os do sector público, que têm certas limitações".

Gabinete de imprensa desmente acusações

Depois de várias tentativas de entrevista fracassadas, a DW África conseguiu falar com António Cumbane, do gabinete de imprensa do Governo Provincial de Sofala. Por telefone, o responsável disse que não está a dificultar o trabalho a ninguém, recusando-se entrar em detalhes. "Mesmo em trabalhos internos, quando há solicitação prévia, [os jornalistas] não aparecem ou aparecem poucas vezes", conta.

Mosambik Paulo Maduco Journalist
Paulo Maduco, secretário provincial do Sindicato Nacional de JornalistasFoto: DW/A. Sebastiao

Porém, o jornalista José Sebastião Jeco nega que a sua publicação seja convidada a participar nas acções do Governo, apesar de se ter apresentado ao gabinete de imprensa do Governo Provincial. "Pelo menos no nosso jornal, não temos tido nenhum convite do Governo. E já passaram dois anos", acrescenta.

Paulo Maduco, secretário provincial do Sindicato Nacional de Jornalistas e redactor no jornal "Diário de Moçambique", admite que a situação é preocupante. Mas desmente a existência do chamado "G40" - um grupo de jornalistas e analistas com opiniões favoráveis ao partido no poder. Maduco alerta ainda para a existência de "falsos" jornalistas. "Existem até alguns casos no tribunal", lembra.

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