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Jovens em Cabinda impedidos pela polícia de falar com diplomatas da UE

27 de julho de 2011

A polícia angolana dispersou um grupo de jovens de Cabinda que queria abordar uma delegação da União Europeia que esteve a visitar o enclave angolano. Cerca de trinta jovens acabaram detidos.

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Cabinda, província angolana visitada pela delegação da UEFoto: Wikipedia

O grupo de jovens de Cabinda queria abordar os oito

embaixadores da UE para lhes informar sobre a realidade política e a violação dos direitos humanos no enclave angolano, mas foi desbaratado á bastonada pela polícia de intervenção rápida. O facto de terem exibido cartazes foi entendido pela policia como um alegado sinal de perigo.

O grupo de 40 jovens exibia na tarde de terça feira cartazes e dísticos para alertar os diplomatas sobre a situação social na província.

Joaquim Francisco, um dos jovens que escapou a detenção, confiou à Deutsche Welle que “apareceram pessoas da segurança a dizer que iam ligar à polícia porque o que estava a acontecer não era permitido”. E Francisco concluiu “naquele mesmo momento a polícia chegou”.

A polícia interveio, disparou para o ar e deteve dezenas de jovens, enquanto os embaixadores foram cercados por um comando operacional da polícia anti-motim, fortemente armado.

Dos disparos e bastonadas seguiram-se detenções. Segundo dados de ativistas dos direitos humanos em Cabinda, pelo menos 30 pessoas foram detidas, embora oficialmente não exista nenhuma informação sobre o incidente, como sublinhou o advogado José Manuel Vumbi, ao acrescentar que o clima continua tenso:

“Crianças desmaiaram...alguns agentes foram contra os jovens que se dirigiam para aquele local a fim de fazerem passar a sua mensagem.... e na sequência, alguns foram detidos”.

Contactada a policia nacional pura e simplesmente negou-se a prestar declarações sobre o sucedido, alegando ordens superiores.

UE quer conhecer melhor a situação em Cabinda

EU Logo mit Karte und Flagge
A visita a Cabinda dos diplomatas da UE teve como objetivo a familiarização com a situação naquela província angolana rica em petróleo

Estiveram em Cabinda, o Embaixador-Chefe da Delegação da União Europeia e os embaixadores dos Países Baixos, França, Polónia, Reino Unido e Alemanha, bem como os 1ºs secretários das Embaixadas da Itália e de Portugal.

Esta viagem teve como objetivo a familiarização com a situação da província de Cabinda, e incluía encontros de informação com vários atores como os principais agentes económicos, a igreja e atores não estatais.

Já o chefe da missão da União Europeia em Angola, Javier Puyol disse que as dificuldades na circulação naquela província angolana de alguma forma limitam os visitantes a ter uma visão mais clara sobre a vida em Cabinda:

“Por razões diferentes e algumas dificuldades de acesso, é mais fácil ir para o Huambo ou Benguela do que para Cabinda. Também, no passado houve algumas dificuldades de segurança e Cabinda foi desfavorecida de alguma forma” disse Puyol .

Ao falar sobre a deslocação dos diplomatas estrangeiros àquela província, o chefe da missão da UE considerou que “ esta visita também vai possibilitar que no futuro, os parceiros internacionais do executivo angolano, possam também aproveitar o desenvolvimento de Cabinda, na medida em que é uma parte normal do país e não tem que ficar esquecida como aconteceu no passado”

Cabinda, continua em guerra de baixa intensidade.

O exclave rico em petróleo, é um dos locais onde as Forças Armadas Angolanas (FAA) têm boa parte do seu efetivo concentrado. A idéia é travar um combate contra algumas facções da FLEC – Frente de Libertação do Enclave de Cabinda que há trinta e cinco anos procura autonomia ou independência para a província angolana.

Autor: Manuel Vieira (Luanda)

Edição: António Rocha