1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Jovens moçambicanos queixam-se da falta de oportunidades

12 de agosto de 2018

Celebra-se este domingo (12.08) o Dia Mundial da Juventude. Na província moçambicana de Inhambane, muitos jovens lamentam a falta de oportunidades antes e depois de concluírem os estudos.

https://p.dw.com/p/332SY
Mosambik Jugend in Inhambane
Foto: DW/L. da Conceicao

Devido à falta de oportunidades, os jovens de Inhambane buscam diferentes meios para a subsistência. Há mais de dois anos que o Governo não tem disponibilizado fundos para iniciativas voltadas a esta grande parcela da sociedade, mas garante estar a par dos problemas.

A DW África conversou com alguns jovens e constatou que as dificuldades são muita e podem divergir, de acordo com o sexo. No caso das jovens, para conseguir algum rendimento, acabam por abandonar os estudos para se dedicar à prostituição.  É o caso da jovem V.M., natural da província de Maputo, que vive agora em Inhambane com a irmã mais velha. Ambas desistiram de frequentar a escola para se prostituírem.

V.M. lamenta o facto de que muitos jovens estejam nesta situação. "Tem aqueles que conseguiram se salvar, mas a maioria está perdida na prostituição, droga e bebida. O dinheiro é que nos induz, por isso estamos a fazer isso. Minha irmã também é prostituta. O arrependimento vem no dia que não bebemos e fumamos, porque pensamos nas consequências e no futuro", relata a jovem.

Apesar disto, V.M. apresenta uma solução para ultrapassar estes problemas. Para ela, "devia existir alguém com iniciativa para incentivar jovens a criarem clubes sociais com vários projetos positivos".

"Oportunidades não vêm, mesmo depois de formado"

Álvaro Joaquim formou-se no ensino técnico, mas, ainda assim, não consegue oportunidades melhores para garantir boa assistência à sua família. Atualmente, ele vive na base da pesca em pequena escala, porque não tem emprego.

"Estudei para nada. Hoje em dia vivo no mar a pescar para conseguir dinheiro, não consigo ter oportunidade de nada", lamenta Álvaro Joaquim que, entretanto, diz que "o Governo devia pensar melhor o destino da juventude".

Mosambik Jugend in Inhambane
Álvaro Joaquim tem formação técnica, mas, por falta de oportunidades, vive da pescaFoto: DW/L. da Conceicao

O Governo de Moçambique distribuía fundos reembolsáveis para financiamentos de projetos da juventude principalmente nas áreas de agricultura, pecuária, criação de frango, serralharia, carpintaria, entre outros. Mas há cerca de dois anos o dinheiro não chega aos distritos.

Samuel Jeremias é licenciado em Geografia, mas, por causa do desemprego, tem pronto um projeto para a prática de agricultura sustentável. Devido à falta de financiamento, nada avançou até o momento.

"Estou a vender recargas de telemóveis para poder comprar açúcar, arroz, óleo, sabão e outras coisas para minha esposa e filhos. O Governo devia continuar a ajudar a idealizar e não apenas dizer que os jovens devem trabalhar sem nenhum incentivo. Tenho campo agrícola e projeto desenhado, mas não consigo materializar porque há dois anos estou a espera os fundos da juventude", afirma Jeremias.

Falta habitação

Além da falta de oportunidades de emprego e financiamento, a juventude na província de Inhambane debate-se com a falta de habitação. Apenas os que possuem um emprego formal têm acesso ao financiamento dos bancos para a construção de residências. Os desempregados, que são a maioria, continuam a viver nas casas dos seus pais juntos com esposas e filhos.

Para resolver o problema da falta de habitação, o Governo provincial distribuiu cerca de cinco mil Direitos do Uso e Aproveitamento de Terra (DUAT) a igual número de jovens desde o ano passado, mas muitos deles esbarram na burocracia e não conseguem todos os documentos exigidos pelas autoridades.

Celso Colege, porta-voz da Direção Provincial da Juventude e Desporto em Inhambane, disse à imprensa que o Governo está ciente dos problemas dos jovens. Segundo o porta-voz, o Governo já conseguiu "distribuir cinco mil DUAT aos jovens, mas alguns não têm conseguido legalizar os seus talhões e acabam entregando a um terceiro em troca de dinheiro".

Saltar a secção Mais sobre este tema