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Os sonhos dos jovens pescadores da Ilha de Luanda

26 de setembro de 2023

Dezenas de jovens ganham a vida a pescar na Ilha de Luanda, na capital angolana. Durante a semana, vivem em cabanas a que chamam "Bury", mas nutrem o sonho de conseguir um emprego melhor um dia.

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Junge angolanische Fischer träumen von besseren Jobs
Foto: Manuel Luamba/DW

É sobre as ondas do mar que Francisco Domingos ganha o sustento para alimentar os seus três filhos. Hoje com 29 anos, conta à DW África que aprendeu a pescar com o seu pai quando ainda era muito jovem.

Francisco vive em Viana, um dos municípios satélites de Luanda, juntamente com Cacuaco. No entanto, é na Ilha do Cabo que exerce a sua atividade de pesca de segunda a sexta-feira.

"Às 21h00, lançamos a embarcação, avaliamos a corrente, fazemos a primeira pescaria e regressamos à 01h00 da manhã para vender o peixe. Às 4h00, fazemos a segunda pescaria e regressamos às 6h00 para vender novamente. Dependemos inteiramente do mar. Há dias em que o mar é generoso, enquanto outros dias não nos favorece", afirma.

O mar não é favorável principalmente durante o cacimbo, a estação fria em Angola. Com a chegada da época chuvosa, os pescadores da Ilha de Luanda terão mais sorte e encontrarão fartura para alimentar as suas famílias.

Tudo é planeado meticulosamente durante o dia. Após venderem o peixe às zungueiras por volta das 8h00, os pescadores fazem as suas refeições. Cozinham uma variedade de pratos, incluindo funge, arroz e massa, em fogões improvisados com lenha recolhida nas proximidades.

Junge angolanische Fischer träumen von besseren Jobs
Bury, nome do abrigo dos jovens pescadoresFoto: Manuel Luamba/DW

Antes do pôr do sol, preparam as redes, estendem os panos e deixam as embarcações prontas. Enquanto aguardam a chegada da noite, descansam em abrigos chamados "Bury", feitos de sacos de plástico e outros materiais.

Trabalho em equipa

Aventuram-se em busca de pescado com lanternas, trabalhando em equipa para maximizar as capturas. Domingos Clemente da Costa diz que o trabalho em equipa é essencial para lidar com grandes capturas: "Até 15 pessoas podem estar envolvidas quando há muitos peixes no mar".

"A rede que usamos tem mais de cem metros de comprimento. Quando a rede está a ser puxada para a costa, uma pessoa enrola a rede enquanto outra a segura e a puxa com a ajuda de um cabo", explica. "Quando há muitos peixes no mar, é necessário o trabalho conjunto de mais pessoas, pois cinco pessoas não conseguiriam puxar a rede".

Nas semanas de sucesso, os pescadores podem ganhar até quase mil euros, cerca de um milhão de kwanzas, em sete dias, com os ganhos a serem partilhados entre os pescadores, explica Domingos Francisco.

"Apanhamos diversos tipos de peixes, incluindo mariscos, chocos e camarões. Os preços variam, com alguns peixes custando entre 35 e 50 kwanzas [entre 4 e 6 cêntimos de euro], enquanto outros podem chegar a 20 mil kwanzas [cerca de 22 euros]", afirma.

O sonho de um salário mensal

Muitos destes jovens pescadores optaram por esta atividade para enfrentar o desemprego. Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), a taxa de desemprego em Angola está em torno de 29,6%, mas é significativamente maior, ultrapassando 50%, entre os jovens. Alguns pescadores, como Gerson Adão, gostariam de encontrar empregos alternativos para terem uma renda mais estável.

"Porque eu vou onde tem mais. Um dinheiro que dá para gerir, para a pessoa fazer alguma coisa é o que a gente está a procurar", justifica.

Junge angolanische Fischer träumen von besseren Jobs
Foto: Manuel Luamba/DW

Domingos Clemente também sonha com melhores oportunidades de emprego: Trabalhamos por dia e recebemos o nosso pagamento diariamente. Não é um salário mensal. Se ganharmos duzentos kwanzas [cerca de 23 cêntimos de euro], levamos para casa exatamente duzentos kwanzas. No entanto, receber um salário mensal é melhor, pois permite economizar e acumular dinheiro ao longo do mês", entende.

Consciência ambiental

De acordo com uma pesquisa norte-americana publicada em março deste ano e noticiada pela Lusa, a poluição plástica nos oceanos atingiu "níveis sem precedentes" há 15 anos. O estudo insta as autoridades a concluírem o tratado internacional previsto para 2024, que tem como objetivo combater esta crescente ameaça ambiental.

Francisco Domingos e outros pescadores da Ilha de Luanda estão conscientes dos danos que o plástico causa ao mar e, por isso, empreendem regularmente atividades de limpeza.

"Sábado e domingo, realizamos operações de limpeza. Às quartas e quintas, fazemos também a limpeza, colocando o lixo nos contentores, e os trabalhadores de saneamento urbano vêm recolhê-lo", afirma. 

E Domingos recomenda: "Devemos manter a nossa área sempre limpa". O pescador acrescenta: "Eu vejo que no mar há muito lixo, incluindo pneus e troncos. Às vezes, recolhemos esses resíduos e colocamo-los nos contentores de lixo".

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