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João Lourenço: África conta com investimento norte-americano

Lusa
8 de maio de 2024

África "conta muito" com a parceria que mantém com os EUA para financiamento e construção das infraestruturas que o continente necessita para se desenvolver, defendeu em Dalas Presidente angolano, João Lourenço.

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João Lourenço
Foto: João Carlos/DW

As declarações do chefe de Estado angolano foram feitas durante a Cimeira Empresarial EUA-África, que decorre até quinta-feira (09.05) em Dallas, no estado norte-americano do Texas, e que reunirá mais de 1.500 executivos dos setores público e privado dos Estados Unidos e de África - incluindo chefes de Estado, investidores internacionais e intervenientes multilaterais, segundo a organização do evento.

De acordo com João Lourenço, que discursou na qualidade de primeiro vice-presidente da Assembleia de Chefes de Estado e de Governo da União Africana, as perspetivas são "bastante animadoras" em relação à intensificação da cooperação entre os EUA e África, particularmente em relação à construção de infraestruturas, que representam "um passo fundamental e crucial no processo de desenvolvimento económico e social" do continente.

O Presidente angolano indicou que as lideranças africanas têm aplicado esforços no sentido de "silenciar as armas no continente" e de "combater o terrorismo e as mudanças inconstitucionais de poder", visando criar um bom ambiente de negócios que atraia cada vez mais investimento privado, além de riqueza e emprego para as suas populações. 

"O investimento privado é importante para a economia dos nossos países, que precisam de aumentar e diversificar a produção de bens de consumo e serviços, transformar as matérias-primas e diversificar os produtos de exportação", observou Lourenço no seu discurso, a que a agência Lusa teve acesso.

"Contudo, reconhecemos a importância do investimento público e das parcerias público-privadas em infraestruturas, para o salto que o continente pretende dar e que já chega com atraso em comparação com outras regiões do nosso planeta", sustentou.

João Lourenço defendeu que a integração económica africana implica uma "maior mobilidade, conectividade, facilidade de circulação e partilha de algumas infraestruturas fundamentais" entre os países africanos, para uma fácil ligação entre as várias regiões e países do continente.

"Isto só será uma realidade quando se investir fortemente na construção de vias rodoviárias, estradas e autoestradas transnacionais, na construção de mais caminhos-de-ferro, de mais barragens hidroelétricas e respetivas linhas de transmissão, mais quilómetros de cabos submarinos e de fibra ótica, o que vai também viabilizar a efetiva implementação do Acordo de Livre Comércio Continental", disse, apelando ao investimento.

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Mobilidade, energia e alimentos

Num momento em que o tema da transição energética está na ordem do dia, João Lourenço disse que gostaria de ver "investimento privado direto americano na exploração e transformação - de preferência local - dos minerais críticos abundantes em África, para a produção de baterias para carros elétricos, painéis solares, semicondutores e 'ships'".

Também a questão da segurança alimentar foi abordada pelo Presidente angolano, que destacou o potencial do continente africano nessa área, que poderá ser elevado através de investimento privado e do conhecimento norte-americano, que poderá transformar África "num grande produtor e exportador de bens alimentares de qualidade para o mundo".

"O continente africano pode jogar um papel crucial na superação quer da crise energética, como da crise alimentar que o mundo enfrenta. Por isso, entendemos que um olhar diferente dos EUA para África pode ser a chave destes dois problemas que afligem a economia mundial. Sejam pragmáticos e não desperdicem esta oportunidade que se abre para o benefício de todos", instou.

Por fim, João Lourenço deu ênfase à "grande preocupação comum à maior parte dos países africanos", que se prende com o desafio da dívida pública e que "condiciona seriamente a execução dos programas de desenvolvimento e que deve merecer a atenção das instituições de crédito".

O chefe de Estado angolano defendeu que seja estabelecido um equilíbrio entre as obrigações perante o credor e os imperativos de execução dos programas de desenvolvimento dos países africanos. 

Na sessão em que João Lourenço discursou estiveram presentes a embaixadora dos EUA junto da ONU, Linda Thomas-Greenfield, o governador do Texas, Greg Abbott, a diretora executiva do Conselho Corporativo para África, Florizelle Liser, o presidente do Conselho Corporativo para África, John Olajide, entre outros.

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