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Kabila disse que "não prometeu nada" sobre eleições na RDC

AFP | Reuters | gs
3 de junho de 2017

A afirmação do Presidente congolês pode ser um retrocesso em relação ao acordo de 2016, que prevê eleições este ano.

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Presidente da República Democrática do Congo, Joseph KabilaFoto: picture-alliance/dpa/M. Kappeler

"Nunca prometi nada" no que toca a eleições, disse o Presidente da República Democrática do Congo, Joseph Kabila, numa entrevista, esse sábado (03.06), em Kinshasa, a repórteres da revista semanal alemã Der Spiegel. "Quero organizar eleições o mais rapidamente possível", garantiu, contudo, Kabila.

"Queremos eleições perfeitas, não apenas eleições", acrescentou Joseph Kabila, adiantando que está em curso o processo de registo eleitoral no país.

Questionado sobre a ideia de uma possível alteração à Constituição, a fim de se poder candidatar a um terceiro mandato, Kabila disse que é "um absurdo total".

O Presidente congolês deveria ter abandonado o poder em dezembro de 2016, depois de cumpridos dois mandatos, como prevê a Constituição.

Kongo tödliche Proteste gegen Kabila
Joseph Kabila foi alvo de violentos protestos devido à não realização de eleições (dezembro de 2016)Foto: picture alliance/AP Photo/J. Bompengo

Contudo, Kabila recusou-se a deixar o poder, o que gerou uma onda de violência na República Democrática do Congo. Protestos violentos causaram cerca de 50 mortes, só em setembro último.

A fim de acalmar a situação, representantes da maioria e da oposição assinaram, a 31 de dezembro de 2016, sob égide da Igreja Católica, um acordo de partilha de poder que prevê a nomeação de um primeiro-ministro da oposição e a realização de eleições este ano. A declaração de Joseph Kabila pode pois pôr em causa o acordo.

Joseph Kabila assumiu a presidência do país logo após a morte do seu pai, Laurent Kabila, em 2001. Em 2006, foi eleito nas primeiras eleições livres desde a independência da República Democrática do Congo (1960), tendo sido reeleito nas eleições de 2011, marcadas por fraude.

Moïse Katumbi entrega queixa na ONU

O opositor congolês no exílio, Moïse Katumbi, apresentou queixa junto da Comissão dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas, em Genebra, contra o Governo de Joseph Kabila. O opositor afirma que foi forçado ao exílio a fim de ficar "longe da eleição presidencial".

Moise Katumbi Chapwe Kongo
Moïse Katumbi acusa o Governo congolês de o afastar das eleiçõesFoto: Getty Images/F. Scoppa

O antigo governador da região de Katanga (sudeste do país), ex-aliado de Kabila, e homem de negócios foi condenado a três anos de prisão por alegado roubo de bens a um cidadão grego. As autoridades prometeram prendê-lo assim que regresse ao país. Mas os bispos católicos apelaram ao Presidente Kabila que permita o regresso de Moïse Katumbi como um "homem livre".

No documento entregue na ONU, Moïse Katumbi denunciou prisões "arbitrárias", perseguições policiais e detenções de seus apoiantes no país.

A Comissão dos Direitos Humanos da ONU recebe, em média, cerca de 200 queixas por ano. E leva cera de três anos para anunciar uma decisão.

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