Karamba Diaby
23 de setembro de 2013Na cidade de Halle, no Estado da Saxónia-Anhalt na antiga Alemanha Oriental, Karamba Diaby não passou despercebido durante a campanha eleitoral. Aos 52 anos, ele usa uma bolsa elegante e sua camisa azul é impecavelmente bem passada.
O membro do Partido Social Democrata (SPD) cumprimentou a todos com um aperto de mão e inicia imediatamente o contato.
Fez campanha eleitoral para entrar no Bundestag, o Parlamento Federal da Alemanha, como o primeiro deputado de origem africana: "Acho isso bom, simplesmente aparecer e dizer olá!"
Diaby tocou a campainha, bateu à porta, buscou as pessoas por todo o lado. Ele chama a isso de campanha de sala de visitas. Conversar e promover-se, para que no dia 22 de Setembro, os eleitores de Halle votem nele.
Karamba Diaby perdeu a eleição direta, mas entra através da lista
Nas eleições de 22 de setembro, apenas ficou em terceiro lugar na corrida para o mandato direto do círculo eleitoral de Halle. Venceu o candidato da União Democrata Cristã (CDU), Dr. Christoph Georg Bergner, com 36,3%. No segundo lugar ficou a candidata dos ex-comunistas, a Esquerda (Die Linke), Petra Sitte, com 25,5%. Karamba Diaby apenas conseguiu ocupar o terceiro lugar com 23,3% na eleição do candidato direto.
Porém, ele foi eleito através da lista do seu partido SPD no Estado da Saxónia-Anhalt. Karamba Diaby esteve no terceiro lugar da lista e assim garantiu a sua entrada no Bundestag. Apesar do resultado modesto de 18,2% no no Estado – em toda a Alemanha o SPD alcançou 25,7% dos votos – o Partido Social Democrata conseguiu eleger quatro deputados federais na Saxónia-Anhalt.
Vivências que movem Karamba Diaby
Os seus temas: educação e integração, salário mínimo, a situação social dos alemães orientais que desde a queda do muro de Berlim ainda sofrem com a mudança estrutural, o declínio da indústria e a perda dos seus empregos.
São exatamente essas pessoas que ele quer representar e também se inspira nas experiências da sua vida privada: "A minha sogra trabalhou na indústria química Buna como motorista de guindaste. Após a reunificação, a empresa faliu. Ela era uma mulher corajosa, educou sozinha dois filhos. Ela disse que não ficaria em casa."
Prosseguindo Karamba Diaby diz: "Ela formou-se novamente como cuidadora de deficientes. Com mais de 50 anos, mudou-se de Merseburg para Oberfranken. Aos 57 anos, ela chorou e disse: estou doente, não posso mais. Ela estava cansada e morreu aos 59 anos."
Enquanto outros políticos correm de carro preto de um compromisso para outro, Karamba Diaby pedala modestamente a sua bicicleta. Também uma razão pela qual as pessoas vêem-no como um homem do povo e autêntico.
Como é visto Diaby?
A sua aparência não é arrogante, antes humilde e empática. Nele pode-se confiar, diz Stefan Will, um amigo, colega e apoiante. Também porque Diaby ouve, em vez de dar conselhos sábios: "Como ele aproxima-se do povo. Sem preconceito e sem medo. Quero dizer, deve-se ver também esta peculiaridade: com origem imigrante. No entanto, ele responde com energia e não se deixa diminuir."
Isso exatamente em Halle - uma cidade com uma população migrante de apenas quatro por cento - em muitos lugares com um ressentimento racial ainda forte como em muitas regiões da antiga Alemanha Oriental (RDA).
Isso Diaby, que nasceu no sul do Senegal, não quer ouvir. Em 1986, ele deixou a sua terra natal, porque teve a oportunidade única de estudar química na então República Democrática da Alemanha: "Claro que, naquela época, não falava alemão. Nem uma única palavra, exceto BMW e Bundesliga. E essas eram palavras que não se gostava de ouvir na RDA. Também a organização da vida sob o socialismo era diferente do Senegal. Essas foram as duas coisas que eram muito incomuns."
Após a queda do Muro de Berlim em 1999, ele permaneceu na Alemanha. Em 2001, naturalizou-se alemão e aqui fez um doutoramento. O que o move hoje é passividade das pessoas: "Sim, acho que as pessoas precisam pensar e agir por si. Não apenas sempre criticar. Os cidadãos têm às vezes que dizer: tenho que fazer alguma coisa para que algo mude."
Dois deputados negros no próximo Bundestag
Karamba Diaby, que vive há 30 anos no país, será assim também o primeiro deputado negro no Bundestag na história da República Federal da Alemanha. Mas partilha esta honra com outro deputado do adversário político, o CDU: Karl-Heinz (Charles Muhamed) Huber, que foi eleito pela União Democrata Cristã (CDU) no Estado de Hesse.
Huber nasceu na cidade alemã de Munique em 1956 como filho de uma alemã e do diplomata senegalês Jean-Pierre Faye (o sobrinho do ex-Presidente do Senegal Léopold Sédar Senghor). Apenas conheceu o seu pai aos 20 anos de idade, pois o pai não tinha casado com a mãe.
Nas últimas décadas, Huber ganhou certa popularidade como ator de televisão na Alemanha (participou na série policial “Der Alte” do segundo canal ZDF). Mesmo assim, como Karamba Diaby, não conseguiu ser eleito como candidato direto no seu círculo eleitoral Darmstadt. Huber obteve 35,9% dos votos e perdeu contra a candidata do SPD, a ex-ministra da Justiça, Brigitte Zypries, que obteve 37,3%. Mas Karl-Heinz Huber também conseguiu ser eleito através da lista do seu partido no Estado de Hesse, estando no 19.° lugar da lista do CDU.
A partir da sessão constituinte do Bundestag, o Parlamento alemão, em outubro, os alemães vão ser representados pela primeira vez por dois deputados negros, um deles nascido em África.