Kumba Ialá não se candidata a Presidente, mas sinaliza favorito
2 de janeiro de 2014Vinte e quatro horas após renunciar à vida política ativa, Kumba Ialá anunciou o seu apoio ao candidato independente à Presidência da República, Nuno Nabiam. O antigo Presidente guineense vê em Nabiam um candidato com "maturidade política", "dedicação" e "visão".
Nuno Nabiam tem 50 anos. Formou-se na antiga União Soviética em engenharia de aviação e preside, atualmente, ao conselho de administração da Agência de Aviação Civil da Guiné-Bissau.
Kumba Ialá renunciou na quarta-feira (01.01.2014) à vida política ativa, dizendo ter encerrado uma etapa iniciada há mais de 20 anos. Ialá fundou o Partido da Renovação Social (PRS) e foi Presidente da Guiné-Bissau, entre 2000 a 2003, até que foi deposto na sequência de golpe de Estado militar. Segundo Ialá, chegou a hora de ir para a reserva.
"Encerro mais uma etapa na trajetória de uma vida escolhida por vocação e convicção", disse. "A minha decisão irrevogável de não disputar as próximas eleições presidenciais decorre do reconhecimento de que o tempo, os novos valores e costumes políticos e as circunstâncias me indicam esse caminho."
"Renúncia estratégica"
O editor principal do jornal "Diário de Bissau", João de Barros, entende que a retirada de Kumba Ialá é estratégica. Particularmente tendo em conta a atual situação política na Guiné-Bissau. O jornalista diz que o país vive um momento atípico, um período de transição em que não "não há uma liderança forte". O processo "corre o risco de descambar."
"Estou convencido que Kumba Ialá adotou uma estratégia de ausência tendo em conta os cenários que poderão acontecer nos próximos tempos", afirma João de Barros. O ex-Presidente guineense "retira-se e apoia uma figura que tem um consenso alargado num determinado setor guineense, um setor importante."
Eleições novamente adiadas?
As eleições gerais na Guiné-Bissau estão marcadas para o dia 16 de março, mas o recenseamento eleitoral decorre a um rimo bastante lento, com muitas dificuldades. Até agora, recensearam-se apenas 200 mil pessoas num universo de 800 mil potenciais eleitores.
Fazendo as contas, João de Barros chega à conclusão que não haverá eleições este ano no país. "Se hoje existem cerca de 200 mil recenseados num período de 30 dias, mesmo com um aumento das mesas não será alterada a capacidade substancial de recenseamento", refere.
Se não se realizarem eleições em março, o jornalista prevê um futuro complicado para o país.