Senegal: Oposição espera reforçar poder
31 de julho de 2022Cerca de sete milhões de eleitores foram, este domingo (31.07), chamados às urnas no Senegal para eleger os 165 deputados da Assembleia Nacional, que servirão o país nos próximos cinco anos.
As eleições realizam-se num ambiente de tensão crescente entre o Presidente Macky Sall e a oposição. Isto porque a oposição receia que o chefe de Estado, cujo segundo e último mandato termina em 2024, possa usar uma nova maioria no parlamento para prolongar o seu mandato.
Nas suas declarações sobre esta possibilidade, Macky Sall tem sido vago, tendo prometido abordar a questão esta segunda-feira, um dia após as eleições.
Medo pela democracia
O Senegal é considerado uma das nações mais estáveis da África Ocidental. No entanto, a oposição teme um cenário semelhante ao que aconteceu nos países vizinhos. Tanto o Presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, como o ex-Presidente da Guiné Conacri, Alpha Condé, insistiram em concorrer a um terceiro mandato em 2020, apesar das restrições constitucionais.
Concorrem às eleições legislativas no Senegal oito coligações, incluindo a principal coligação da oposição, Yewwi Askan Wi (que significa "Libertar o Povo"), cujo membro mais conhecido, Ousmane Sonko, ficou em terceiro lugar nas eleições presidenciais de 2019.
No entanto, Ousmane Sonko e outros membros da coligação foram impedidos de concorrer a estas eleições por razões técnicas. O mesmo aconteceu a Khalifa Sall, um ex-presidente da câmara de Dakar muito popular, e Karim Wade, o filho de um ex-Presidente do país.
Ao meio dia deste domingo, a afluência às urnas tinha sido de apenas 22%, disse à AFP uma fonte próxima do Ministério do Interior. Uma afluência baixa às urnas foi também relatada por vários jornalistas no terreno que fizeram saber que as filas para o voto eram, este domingo, bem mais pequenas do que em anos anteriores.
À saída das mesas de voto, os eleitores pediram mudança e melhores condições de vida.
"Acima de tudo esperamos que nos ajudem neste período de inflação, e que os preços baixem", disse Omar Ba, um dos primeiros eleitores a votar no bairro de Pikine, em Dakar.
Já Yahya Sall, um soldado reformado, disse esperar que o novo parlamento "seja constituído por membros do governo e uma forte representação da oposição para debates contraditórios. É isto que faz avançar a democracia".
Espera-se que, ainda este domingo, sejam revelados os resultados parciais do escrutínio. Os dados provisórios deverão ser anunciados, o mais tardar, na sexta-feira.