Libéria: Novo Presidente deve ser conhecido na sexta-feira
28 de dezembro de 2017Na Libéria, os meios de comunicação social afirmam que o ex-jogador de futebol George Weah está em vantagem sobre o vice-Presidente cessante Joseph Boakai na corrida para suceder a Ellen Johnson Sirleaf na Presidência da República.
Mas a Comissão Eleitoral Nacional informou que só anunciará o novo Presidente na sexta-feira (29.12), com a conclusão da contagem dos votos. O órgão poderá, no entanto, divulgar mais cedo resultados provisórios.
A votação, que decorreu na terça-feira com mais de um mês de atraso devido a contestações do partido no poder, foi elogiada pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, que saudou "a realização pacífica" da segunda volta.
De acordo com o porta-voz do secretário-geral da ONU, Guterres felicitou "o Governo, os partidos políticos e o povo liberiano" pelo escrutínio e "espera que os desejos do eleitorado sejam respeitados e que uma transferência de poderes seja alcançada sem obstáculos dentro dos prazos previstos pela Constituição".
"As eleições pacíficas, livres, transparentes e credíveis são pré-requisitos para a consolidação democrática e a paz e o desenvolvimento duráveis", acrescentou o secretário-geral das Nações Unidas.
A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) também saudou a natureza pacífica das presidenciais, que marcam a primeira transição democrática de poder no país em mais de 70 anos.
O "legado misto" de Sirleaf
Após 12 anos no poder, a primeira mulher Presidente em África e Nobel da Paz em 2011, Ellen Johnson Sirleaf, deixará agora o cargo, impedida pela Constituição de concorrer a um terceiro mandato.
Quando eleita pela primeira vez em 2005, Sirleaf teve de lidar com as expetativas dos liberianos e da comunidade internacional para a erradicação da pobreza e o combate à corrupção no país. A Presidente não conseguiu atingir o objetivo de fazer crescer a economia e o bem-estar do povo. Conseguiu, porém, consolidar a paz, com a ajuda da ONU, e sobretudo consolidar a democracia, segundo observadores.
Em entrevista à DW África, a vice-diretora do Programa Africano do instituto britânico Chatham House, Elizabeth Donnelly, afirma que Ellen Johnson Sirleaf "deixa um legado misto".
Segundo Donelly, a chefe de Estado é responsável por ajudar a manter a paz na Libéria desde o fim da guerra civil em 2003, tal como por contribuir para a promoção dos direitos das mulheres. "No entanto, tudo isso é ofuscado por alegações de corrupção contra os seus filhos e pelas medidas que Sirleaf estará alegadamente a tomar para tentar protegê-los de qualquer tipo de investigação", comenta a analista.
Sobre a redução dos níveis de pobreza, a vice-diretora da Chatham House comenta que a Presidente contou com o apoio da comunidade internacional, nomeadamente dos Estados Unidos e da ONU. Mas a especialista considera que a Libéria ainda tem muitos problemas devido à recente guerra civil, o que dificulta a sua reestruturação.
"Trata-se de um ambiente pós-conflito. É difícil e complexo fazer a reconstrução do país, consolidando a paz e sustentando a transição para a democracia ao mesmo tempo", afirma.
Prioridades do novo Governo
Para Elizabeth Donnelly, "num país onde a idade média é de 18 anos e o desemprego é uma preocupação real, ainda há muito a ser feito". "É preciso abordar essas coisas, e a esperança é que o país siga um histórico de paz, de modo a que estas questões possam avançar".
Entre as prioridades do novo Governo, a analista aponta as infraestrutras, nomeadamente a construção de estradas. "Isso tem implicações no desenvolvimento, para o comércio, para o crescimento de pequenas empresas no país", diz Donelly.
Cerca de 2,2 milhões de eleitores foram chamados às urnas na segunda volta das presidenciais, na terça-feira. A primeira volta foi realizada a 10 de outubro, tendo George Weah liderado a votação com 38,4%, e o vice-Presidente Joseph Boakai ficado em segundo lugar, com 28,8%.