Luanda continua "perfumada" apesar da recolha do lixo
8 de fevereiro de 2016O programa de recolha de lixo, na província de Luanda, entrou em vigor a 1 de agosto de 2015 no mandato do antigo governador Graciano Domingos, exonerado por um decreto presidencial em janeiro deste ano.
Seis meses depois do início oficial do programa, os amontoados de lixo registam-se em tudo que é canto da capital angolana, sobretudo em zonas periféricas, apesar da recolha tímida por parte das operadoras.
A grande quantidade de lixo espalhada nas ruas da cidade é notória e preocupa o cidadão Bernardo Francisco, que apela a mais apoio do Governo às empresas de recolha: "Há um excesso, há uma evolução de lixo tremenda e esperamos que o Governo olhasse mais para este facto, principalmente apoiando as empresas que têm feito este trabalho".
Gerson Manuel é outro citadino que reclama e lembra que "o lixo é um dos maiores problemas de Luanda" e exemplifica: "Ainda ontem estive no Kalemba II (município de Belas), lá há vários amontoados de lixo".
População com falta de civismo
Em muitas zonas, a população deposita os resíduos sólidos no chão. Bernardo Manuel aponta a escassez de contentores como sendo o motivo de tal prática. "Penso que é a questão de falta de contentores. O povo tem consciência que não deve depositar o lixo no chão".
O lixo depositado nas ruas a céu aberto atrai vetores que podem trazer várias doenças como a febre amarela, que já fez 25 vítimas mortais, de acordo com as autoridades sanitárias de Luanda.
José Nguepe, nutricionista e docente universitário de biopatologia, refere outras doenças resultantes da não recolha dos resíduos sólidos, como as febres tifoides, que atacam os intestinos. "Há determinados vermes que podem também afetar o indivíduo na ingestão de alimentos contaminados e poderíamos também falar da malária e da febre amarela, que está assolar o nosso país".
Higino Carneiro é o novo governador de Luanda desde janeiro de 2016. O novo homem forte da capital angolana elegeu a segurança e a limpeza urbana como suas prioridades, mas o seu combate ao lixo começa apenas a partir de março.
José Nguepe deixa conselhos à população: "É importante que as famílias coloquem o lixo no seu devido lugar. Os objetos para o colocar devem ser muito bem lavados para se evitar a contaminação. E o lixo deve ser colocado em sacos muito bem amarrados de forma a que não haja contágio".