Luanda fecha mais um mercado informal
20 de maio de 2016
O anúncio de encerramento do mercado dos Kwanzas foi feito recentemente pelo administrador do Cazenga, Tany Narciso. Segundo o governante, o encerramento do mercado está ligado ao péssimo saneamento básico que apresenta.
Um dos vendedores ouvidos pela DW África não escondeu a sua preocupação, por se tratar do local onde arrecada receitas para sustentar a sua família.“Ainda não sabemos para onde vai o mercado. É aqui que tiramos o pão-nosso de cada dia, conseguimos sustentar a família. Preocupa-me muito porque não teremos sítio para trabalhar. As empresas não estão a admitir pessoas e as que estão lá começaram a ser despedidas. Se tirarem o mercado daqui é complicado”.
Repete-se o que já se viveu noutros mercados
Situação semelhante enfrentaram os vendedores do Roque Santeiro, considerado o maior mercado a céu aberto em África, quando foi anunciado o seu encerramento em setembro de 2010. Os feirantes tinham sido transferidos para Panquila, em Cacuaco e Quilómetro 30, em Viana.Na altura, a medida visava proporcionar melhores condições de segurança, de habitabilidade, comodidade e sanitárias aos vendedores e utentes tendo em vista a saúde pública, o saneamento do meio e os direitos do consumidor.
Mas, seis anos depois da transferência, o Governador de Luanda, Higino Carneiro, decidiu em março deste ano, que fosse encerrado o mercado do Quilómetro 30, em Viana, pelas mesmas razões, ou seja, por falta de saneamento. A medida ainda não foi implementada.
Em fevereiro de 2004, o antigo administrador de Viana, Carlos de Carvalho, tinha ordenado o encerramento e consequente transferência dos vendedores para Viana II.
Outro comerciante entende que a solução não passa pela remoção dos mercados mas pela recolha dos resíduos sólidos que estão na base do encerramento.“Era necessário tirar o lixo todos os dias e não tirar o mercado. É como tirar-nos o emprego. Se nos mostrarem um sítio para irmos está bem. Se tirarem como fizeram com os outros isto assim cria frustração e há muita bandidagem”.
Os serviços para saneamento básico dos mercados quer os já encerrados como os que podem ser extintos são normalmente cobrados pelas administrações das instituições comerciais. Os feirantes pagam 100 kwanzas por dia, o equivalente a um euro. “Nós aqui pagamos”, desabafa um dos vendedores.