Luanda: Tribunal Provincial julga quatro pastores da IURD
23 de novembro de 2020O Tribunal Provincial de Luanda começou a julgar esta segunda-feira (23.11) quatro pastores - um brasileiro e três angolanos - da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), pelos crimes de agressão e desacato às autoridades, noticiou a imprensa local.
Segundo a agência noticiosa angolana Angop, além dos pastores estão arrolados quatro seguranças de uma empresa privada, que prestam serviço no condomínio onde moram os pastores da IURD.
Na semana passada, os seguranças tentaram apaziguar um desentendimento entre membros da igreja, devido ao impedimento de acesso a uma das residências do condomínio.
Os arguidos, que são acusados de terem agredido e proferido injúrias contra o comandante da esquadra de Talatona, começaram esta segunda-feira (23.11) a ser ouvidos, tendo ficado concluída a audição de todos os pastores. Três deles negaram todas as acusações.
O que se passa na IURD Angola?
A IURD tem estado envolvida, desde novembro de 2019, em várias polémicas em Angola, depois de um grupo de dissidentes se ter afastado da direção brasileira.
Na sequência das investigações levadas a cabo pelas autoridades judiciais angolanas, foi ordenado, em setembro, o encerramento e apreensão de todos os templos da IURD em Angola. Só em Luanda foram fechados 211 edifícios.
Em agosto, a Procuradoria-Geral da República angolana já tinha apreendido sete templos da IURD em Luanda (Alvalade, Maculusso, Morro Bento, Patriota, Benfica, Cazenga e Viana), no âmbito de um processo-crime por alegadas práticas dos crimes de associação criminosa, fraude fiscal e exportação ilícita de capitais.
As tensões, porém, agudizaram-se em junho deste ano com a tomada de templos pela ala reformista, entretanto constituída numa Comissão de Reforma de Pastores Angolanos, com troca de acusações mútuas relativas à prática de atos ilícitos.
O fim da IURD "brasileira" em Angola
Os angolanos, liderados pelo bispo Valente Bezerra, afirmam que a decisão de romper com a representação brasileira em Angola, encabeçada pelo bispo Honorilton Gonçalves, fiel ao fundador Edir Macedo, se deveu a práticas contrárias à religião, como a realização de vasectomias, castração química, racismo, discriminação social, abuso de autoridades, além da evasão de divisas para o exterior.
As alegações são negadas pela IURD Angola que, por seu lado, acusa os dissidentes de "ataques xenófobos" e agressões a pastores e intentou também processos judiciais contra os dissidentes.
A IURD Angola acusou anteriormente as autoridades judiciais angolanas de terem feito apreensões ilegais e atentarem contra a liberdade religiosa.
Neste momento correm os seus trâmites nos tribunais angolanos vários processos judiciais relacionados com a IURD Angola.