Líbia: Forças anti-Haftar lançam contra-ataque
20 de abril de 2019"Começámos a fase de ataque. As ordens foram dadas às primeiras horas da madrugada para avançar e conquistar terreno", declarou este sábado (20.04) à agência de notícias France Presse Moustafa al-Mejii, um porta-voz da operação militar do GNA.
Pelo menos 205 pessoas morreram e 913 ficaram feridas desde o início da ofensiva do Exército Nacional Líbio (ENL) do marechal Khalifa Haftar, a 4 de abril, para conquistar Tripoli, capital líbia, indicou a Organização Mundial de Saúde (OMS) num balanço divulgado na quinta-feira (18.04).
O primeiro-ministro da Líbia, Fayez al-Serraj, que é apoiado pela Organização das Nações Unidas, condena o silêncio dos aliados internacionais perante a escalada da ofensiva militar liderada pelo marechal Khalifa Haftar.
Em entrevista à BBC, Fayez al-Serraj diz sentir-se abandonado pela comunidade internacional. Para o primeiro-ministro líbio, a falta de apoio dos parceiros internacionais poderá "conduzir a outras consequências", citando o risco dos extremistas do Estado Islâmico se aproveitaram da instabilidade naquele país.
Na quinta-feira, o procurador-geral militar do governo líbio emitiu um mandado de detenção contra o marechal Khalifa Haftar, que controla o leste do país. O procurador-geral militar do GAN ordenou a prisão de Haftar e de seis dos seus oficiais, acusados de realizar ataques aéreos contra instalações e bairros civis, segundo o documento publicado pelo gabinete de comunicação do executivo liderado pelo primeiro-ministro, Fayez al-Sarraj.
Milhares de deslocados
Os combates forçaram 25.000 deslocados, incluindo mais de 4.500 em 24 horas, "o maior aumento de deslocações num dia", de acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
A comunidade internacional continua dividida sobre a ofensiva e um projeto de resolução do Reino Unido no Conselho de Segurança, pedindo um cessar-fogo e acesso humanitário às zonas de combate,
mas não obteve a unanimidade, de acordo com diplomatas das Nações Unidas.
A Rússia, que bloqueou um projeto de declaração do Conselho pedindo ao ENL para suspender a ofensiva, continua a levantar objeções às referências criticando Haftar, disse um diplomata.
A Líbia tem sido vítima do caos e da guerra civil, desde que, em 2011, a comunidade internacional contribuiu militarmente para a vitória dos distintos grupos rebeldes sobre a ditadura de Muammar Khadafi (entre 1969 e 2011).
A Líbia é também a ponta do funil da imigração africana. Muitos migrantes de todo o continente rumam à Líbia com o objetivo de apanhar um barco com destino à Europa.