Líbia: Operação prende mais de 4 mil migrantes e refugiados
2 de outubro de 2021Num comunicado, o procurador-geral da Líbia disse que a varredura realizada esta sexta-feira (01.10) teve como alvo abrigos irregulares em Gargaresh, no subúrbio da capital Trípoli, onde vivem migrantes em situação ilegal e onde alegadamente há tráfico de drogas, álcool e armas de fogo.
"Muitos autores de crimes" foram presos e "centenas de migrantes em situação ilegal transferidos para abrigos", acrescentou.
Este sábado (02.10), o Ministério do Interior líbio disse que a primeira fase da operação de "segurança" acabou, mas as obras continuariam para derrubar moradias irregulares no subúrbio.
Pelo Twitter, o primeiro-ministro interino da Líbia, Abdulhamid Dbeibah, saudou os "heróis do Ministério do Interior" que agiram contra traficantes de drogas. Durante a operação, o subúrbio foi isolado e os moradores foram impedidos de deixar suas casas.
Segundo as Nações Unidas, pelo menos uma pessoa morreu e 15 ficaram feridas na ação liderada pelo Governo líbio.
Detenções arbitrárias
O Conselho Norueguês de Refugiados expressou preocupação com as relatadas "prisões em massa".
"Ouvimos dizer que mais de 500 migrantes (números de sexta-feira), incluindo mulheres e crianças, foram presos, detidos arbitrariamente e correm o risco de abusos e maus tratos", disse o diretor daquela organização na Líbia, Dax Roque.
"Migrantes e refugiados na Líbia, especialmente aqueles sem residência legal no país, muitas vezes correm o risco de detenção arbitrária", sublinhou.
"A tortura, a violência sexual e a extorsão são crescentes nos centros de detenção da Líbia. Acreditamos que esta última vaga de prisões é parte de uma repressão mais ampla das autoridades líbias aos migrantes e refugiados na Líbia", denunciou.
Comunidade internacional
O país do norte de África, caótico desde a revolução de 2011, é um dos principais pontos de partida para dezenas de milhares de migrantes, principalmente da África Subsaariana, que esperam chegar à Europa.
Os centros oficiais para migrantes detidos na Líbia concentram corrupção e violência, incluindo agressão sexual, de acordo com as Nações Unidas e grupos de direitos humanos.
Na quinta-feira (30.09), o Conselho de Segurança da ONU aprovou por unanimidade uma resolução que prolonga até 31 de janeiro a Missão de Apoio da ONU na Líbia (MANUL).
Esta sexta-feira (01.10), a chanceler alemã, Angela Merkel, garantiu que a questão líbia continuará a ser "uma prioridade" do próximo Governo alemão e que haverá "continuidade", sublinhando que ainda há muito para fazer no processo político daquele país.