Líder da UNITA diz que Angola entrou em "bancarrota"
4 de julho de 2023Segundo o presidente do maior partido da oposição angolana, "o regime levou a má governação - adensada por uma estrutura corrupta, venal e decrépita - ao extremo de obrigar agora o país a ter não só de vender os anéis, mas possivelmente, também, os dedos, se tão clamorosos erros de governança persistirem".
Adalberto Costa Júnior traçou este retrato do país quando procedia à abertura, esta terça-feira, da conferência nacional sobre Geopolítica e Segurança Nacional promovida pelo governo sombra da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA).
"O desastre está mais do que evidente na situação de insolvência [bancarrota] a que o MPLA [Movimento Popular de Libertação de Angola] conduziu e está a conduzir o país. Infelizmente, atingimos os níveis de decadência e descalabro que se observam nos dias de hoje apenas por incúria governativa. Por falta de sabedoria na gestão da coisa pública", referiu o líder da UNITA.
Para Adalberto Costa Júnior, Angola tem registado um recuo no que diz respeito ao desenvolvimento e à segurança nacional, pelo que "faz todo o sentido" a realização desta conferência, que "não deve ignorar um aspeto indissoluvelmente ligado à segurança nacional que é avaliação do estágio em que se encontra o Estado Democrático e de Direito em Angola".
Repressão de protestos em Angola
"Só um cego não vê que o Executivo do MPLA, deixou de cumprir com um dos pressupostos legais que consiste na responsabilidade constitucional de garantir e consolidar o Estado Democrático e de Direito em Angola. Deliberadamente, ou apenas por inépcia, o edifício da democracia angolana está claramente em grave crise e ameaça poder ruir!", frisou.
O presidente da UNITA salientou que os governantes angolanos têm mostrado "uma postura de quem deixou cair o serviço e o conceito de servir, a todos e ao país", o que tem provocado nos mais distintos segmentos da sociedade "a incerteza, o desânimo e o desencanto perante uma realidade dura e uma desgovernação que depaupera o país e a todos expõe".
Face a este quadro, prosseguiu Adalberto Costa Júnior, têm surgido múltiplas manifestações desencadeadas por diversos setores socioprofissionais e jovens, reivindicando direitos e exprimindo anseios.
"Hoje muitos exprimem estarem fartos do sistema autocrático que cerceia as liberdades e garantias fundamentais constitucionalmente previstas. Mas a forma como as manifestações têm sido reprimidas corresponde a um comportamento típico de Estados totalitários e securitários", disse.